Alguns Pensamentos...

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terça-feira, janeiro 31, 2006

A propaganda



O que é do conhecimento geral é que a propaganda se inclui num tipo de mensagens que se destinam muito mais a influenciar a opinião do público – alvo a que se dirige do que a veicular informação, sendo o seu uso mais frequente em contexto político.
O que porventura será menos conhecido é o aproveitamento que daí resultou durante a II Grande Guerra em países que se mantiveram neutrais durante o conflito, como foi o caso de Portugal.
Como quaisquer dos beligerantes, quer individualmente, quer em grupo, se empenhassem em fazer passar a mensagem de que as respectivas posições durante a guerra eram as mais favoráveis, houve um enorme manancial de informação propagandística que circulou no nosso país, ou directamente emanada das representações diplomáticas, sob a forma de boletins informativos, postais, exposições fotográficas, para já não dizer documentários ou filmes de ficção, ou ainda pela publicação de folhetos, ou até mesmo livros dedicados a publicitar os regimes, os seus lideres, tentando de alguma forma denegrir a imagem do outro ou adquirir vantagem relativamente ao poderio militar ou até às estruturas sociais, económicas ou familiares.
Ainda hoje a propaganda tem um efeito poderoso sobre a sociedade como um modo de persuasão massiva.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Um filme obrigatório



Chegou recentemente às salas de cinema um filme com a assinatura de Woody Allen. O argumento criado de forma genial deixa transparecer um Woody Allen mais europeu do que nunca, passeando entre Bergman e Dostoievsky. A presença do romance Crime e Castigo de Dostoievsky não é um acaso, existindo um fatalismo presente em cada uma das cenas, um distanciamento da humanidade inapeláveis que condenam o elenco a viver, apesar do aparente manto da felicidade, numa dúvida interior dilacerante. Oscilando, por vezes, entre Bergman e um intenso e preocupante realismo, Woody Allen monta uma história fabulosa, filmada do primeiro até ao último plano, na perfeição. Com um elenco britânico em grande forma, contando com a presença de Scarlett Johansson, a trama compõe-se recheada de brilhantes twists, de um ambiente quase familiar, mas de um pessimismo assustador, sendo impossível não se ficar impressionado com este comeback de Woody Allen aos dramas.
Match Point é também um filme sobre a luta de classes. Essa luta que, mesmo bem disfarçada, continua a existir. Um filme com crime, sem castigo, incontornável.

sábado, janeiro 28, 2006

Um link

Porque o desequilíbrio mundial é cada vez maior, fica aqui a sugestão de apreciarem os dois lados do mundo como pólos totalmente antagónicos.

sexta-feira, janeiro 27, 2006

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 - 1791)



Há 250 anos nascia, neste dia, em Salzburg, uma criança a que deram o nome de Wolfgang Amadeus Mozart e que, mais tarde, se intitularia, e com toda a propriedade, de génio.
Faleceu em Vienna a 5 de Dezembro de 1791, com 35 anos, depois de compor inúmeras partituras entre sinfonias, concertos para piano e para violino, óperas e muito mais.
Uma homenagem merecida!

quinta-feira, janeiro 26, 2006

Uma nova Palestina

A vitória do grupo radical Hamas nas legislativas palestinianas não vai mudar a política de Israel e do resto do mundo em relação à Palestina, mas sim intensificar – porventura acelerar – os processos já em marcha.
Esta vitória significa a derrota dos moderados, a derrota dos trabalhistas, em Israel, e da linha moderada da Fatah. Não esquecer que alguns dos seus principais dirigentes, os mais radicais, decidiram candidatar-se como independentes em clara oposição à linha oficial de consenso levada a efeito pela Autoridade Palestiniana – que entretanto já se demitiu – e pelo primeiro-ministro Ehud Olmert.
Por contraponto, é a vitória do radicalismo, ou melhor, da intrasigência palestiniana – e do ultra-conservadorismo israelita do Likud.
Outro facto importante na vitória do Hamas prende-se com o facto de, inequivocamente, ir condicionar a vida política futura de Israel. Provavelmente o Kadima, actualmente quase que só no poder, irá reafirmar a separação física dos dois Estados e preparar, em definitivo, os israelitas para o Estado independente da Palestina.
E o Hamas, irá, agora que vai para o poder, aceitar o Estado que sempre rejeitou? Esta posição irá condicionar não só a vida dos dois Estados, enquanto vizinhos, mas, declaradamente, as eleições israelitas de Março próximo.
Os próximos desenvolvimentos irão formular, e em definitivo, o rumo dos acontecimentos no Médio Oriente.
O Irão e a Síria, reconhecidos como dois dos principais apoiantes e financiadores do Hamas, vão estar em alerta máximo. O futuro surge, no entanto, nervoso, em ebulição e demasiado imprevisível...

quarta-feira, janeiro 25, 2006

A lei da bala

terça-feira, janeiro 24, 2006

Como um americano vê o mundo



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segunda-feira, janeiro 23, 2006

O novo D. Sebastião...

sábado, janeiro 21, 2006

Escolher em consciência

Cerca de 8,9 milhões de eleitores estão recenseados para amanhã escolherem o sexto Presidente da República em 30 anos de democracia.
Duas semanas de campanha oficial e vários meses de desmentidos, confirmações, acusações, especulações, muitas repetições, variados vazios de discurso e algumas ideias depois, espera-se que do escrutínio de domingo saia um nome para Belém. Garcia Pereira, Cavaco Silva, Francisco Louçã, Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa e Mário Soares fizeram a campanha possível, mas possivelmente não a que os portugueses legitimamente esperavam ou desejavam.
Mas para que seja possível legitimar escolhas e evitar lamentos futuros, todos devem cumprir o seu dever cívico. Votar de forma consciente é a melhor forma de salvaguardar a democracia. No fundo, é necessário votar em alguém, e não votar contra algo ou alguém. Quem sabe, talvez seja esta uma forma de apagar dos resultados as indecisões e a abstenção.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Definir posições numa época de terrorismo

Jacques Chirac declarou hoje que a França reserva o direito de responder de forma "não convencional", nomeadamente nuclear, aos Estados que usem meios terroristas contra o seu país.
Sem nomear qualquer nação, Chirac referiu que os Estados que usem meios terroristas contra a França devem compreender que ficarão expostos a uma resposta firme e adequada.
Até hoje, a França apenas considerava como interesses vitais - dignos de recurso à arma nuclear, em caso de ameaça - a integridade do seu território, a protecção das populações e o livre exercício da sua soberania. Numa altura em que a decisão de o Irão em retomar as suas actividades nucleares preocupa a comunidade internacional, Chirac condenou a tentação de certos Estados em dotar-se de poder nuclear, em contravenção dos tratados...

quinta-feira, janeiro 19, 2006

O financiamento das campanhas eleitorais

Nenhuma campanha eleitoral é de graça. Os cartazes, os jantares, os comícios, os tempos de antena, os brindes, as sedes de campanha custam muito, demasiado até. Provavelmente nunca saberemos quanto. Não me refiro somente aos números que são declarados pelos candidatos, mas também ao custo oculto das campanhas eleitorais.
O povo é soberano e é o próprio povo que diz: «Ninguém dá nada a ninguém». Quem financia uma campanha, isto é, quem patrocina uma candidatura é porque tem algo a ganhar com isso, o que sob um determinado ponto de vista até é legítimo. Os empresários, os grupos económicos nacionais e multinacionais fazem parte do ecossistema sócio-político e não me choca que qualquer eleito procure acautelar os interesses dos seus patronos.
Em todo o caso, a última palavra pertence sempre ao cidadão. Pertencerá?

quarta-feira, janeiro 18, 2006

A «siesta»

À decisão do Governo espanhol em acabar com a tradicional «siesta» apressaram-se muitos a reagir enaltecendo as virtudes de mais uma acha para a fogueira da produtividade.
Na verdade, mesmo com a «siesta», a Espanha tem elevados índices de produtividade e o que (oficialmente) justifica a extinção desse período alargado para o almoço de que gozam os espanhóis é o objectivo de conciliar família e trabalho e não propriamente a procura incessante por uma maior produção.
Para aqueles que acham que a salvação do mundo será tanto mais certa quantas mais horas se trabalhar, esquecem que detrás de cada trabalhador está uma pessoa e que esta será tanto mais válida, logo, produtiva quanto mais «liberdade» tiver para se equilibrar interiormente, com o que isso implica de disponibilidade para estar com a família no final de um dia de trabalho. Para muitos, iniciou-se uma revolução cultural não propriamente por se acabar com a «siesta» mas, sobretudo, por se decretar que há mais vida para além do trabalho.
A obsessão compulsiva pelos resultados acabará por enterrar toda a sombra de vida civilizada. De que vale sermos mais produtivos se nos tornamos, seguramente, menos humanos?

terça-feira, janeiro 17, 2006

O Amigo do Povo: recomenda-se

Chegou à blogosfera um novo blog colectivo que recomendo. O Amigo do Povo, animado por Luís Aguiar Santos, Bruno Cardoso Reis, Ana Cláudia Vicente, João Miguel Almeida e Fernando Martins. Num ambiente plural, este blog promete uma partilha de ideias bastante interessante. A não perder!

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Realizações

De vez em quando lembro-me de uma coisa que me disseram, num desses jantares em que se conhecem amigos de amigos. Eu estava sossegado, num canto do sofá, sem estômago para grandes conversas, quando percebi que alguém, sentado ao meu lado, estava a falar comigo sobre as suas desgraças profissionais. A dada altura disse-me, como se fosse a coisa mais natural: “Sabe, o problema é que eu não tenho carisma para trabalhar”. Na altura, balbuciei qualquer coisa, num tom ameno e compreensivo, sem perceber bem onde é que entrava o “carisma”. Mas, de facto, o trabalho não tem nada de natural. É preciso um certo “carisma” para aturar as vicissitudes de uma carreira e as exigências de uma profissão.
Começo a achar a “realização profissional” uma perversão das sociedades modernas. As pessoas não se “realizam” profissionalmente. As pessoas trabalham. Ponto. Desesperam, esforçam-se, aguentam e, muitas vezes, enlouquecem para poder ter uma vida. Não para se “realizar” ou para responder a “um desafio” qualquer irresistível – para usar algumas palavras em voga.
Ainda, ontem, quando me perguntaram o que é que eu estava a fazer e se tinha novos "projectos" em vista, lembrei-me de responder com uma passagem de um livro como a Bíblia. Mas não vinha muito a propósito. De qualquer forma, aqui fica: "Com o suor de teu rosto/comerás teu pão/até que retornes ao solo/pois dele foste tirado./Pois tu és pó/e ao pó tornarás.” Gn3,18.

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Pensamentos II

A complexidade da nossa sociedade, os enormes avanços científicos e tecnológicos, a permanente agitação económica e social criaram um sentimento generalizado de desorientação. O mundo é cada vez mais evoluído, mas cada vez menos compreensível.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Pensamentos I

Ao contrário dos livros, a televisão não é dada ao aprofundamento, à reflexão, ao saber. Vive de efeitos imediatos e quanto mais extravagantes melhor. (...) A televisão deixou de ser um factor de enriquecimento intelectual e ético para se tornar no mecanismo cultural que mais contribui para a degradação do humano e para o desânimo social que tão manifestamente marca a nossa era.

quarta-feira, janeiro 11, 2006

Isto nunca mais acaba!



Oficialmente, por incrível que pareça, os combates políticos ainda agora começaram.

terça-feira, janeiro 10, 2006

Máximos e mínimos

No dia em que as bolsas nova-iorquinas bateram novos máximos históricos e a praça portuguesa retomou níveis que não vivia há cinco anos, o Banco de Portugal reviu em baixa as previsões económicas para 2006.
Longe do optimismo vivido nos EUA - onde a Reserva Federal está perto de terminar o ciclo de aumento das taxas de juro para combater a inflação -, em Portugal espera-se que na Autoeuropa se chegue a um acordo que permita à fábrica valer cerca de 4% das exportações nacionais, como já sucedeu em tempos ainda recentes. São as realidades, distintas, de cada país e economia.
Na nossa pequenez de primeiro mundo, Portugal deve acabar de vez com a dependência do Estado e dar condições às empresas nacionais e estrangeiras para ter a dinâmica que, até agora, só se consegue a espaços recriar mediante a corrupção das contas públicas. Estabilidade macroeconómica, sustentabilidade da segurança social, diminuição do desemprego são simultaneamente metas e princípios de acção. Mas, sem mudarmos o volume e o teor dos nossos produtos e sem vislumbrar inovações tecnológicas, mais vale vender de vez o país. Haja esperança e força para 2006.

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Israel e Sharon

Independentemente da condição médica, Ariel Sharon encerrou um ciclo, passando de uma situação de pujança física e política para a condição de um paciente em estado crítico, com as suas faculdades cognitivas seriamente afectadas e sem que ninguém garanta que vai escapar a mais este desafio, o mais difícil da sua vida.
Sharon é uma personalidade invulgar, um general israelita duro, agressivo e fiel seguidor de uma estratégia militar ofensiva – com isso conseguiu inverter, no último minuto, a derrota quase certa na guerra de Yom Kippur – e como político seguiu sempre essa linha: primeiro atacar, para depois conciliar.
Mas como um bom general que tem de se adaptar à conjuntura e ao momento Sharon foi implacável com Arafat e com a sua incapacidade de conter os extremistas, mas teve a lucidez de abrandar e conciliar, fazendo o que nunca ninguém tinha conseguido: sair de Gaza e dialogar seriamente com a Palestina, no momento em que Abbas chegou ao poder. Tanto acreditou nisso que resolveu fundar um novo partido, sem amarras ideológicas nem restrições políticas. Porém, infelizmente, não completou esse ciclo. Poucos homens foram tão directos, pragmáticos e claros como Sharon e isso deu alguns frutos.
Falta saber, agora, como vai ser Israel com a incapacidade ou a morte deste homem.

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Portugal ou Iraque?

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Obras que acompanham a evolução da sociedade



Simenon (1903-1989) começou a escrever romances aos 18 anos e publicou o seu primeiro em 1929.
Embora sendo belga, Simenon descreve essencialmente a realidade parisiense, dando-nos também a conhecer muito sobre a França e mesmo um pouco sobre outros países por onde, por vezes, a acção se espraia. É curioso ler algumas referências (que na altura eram naturais!) à guilhotina - a cortar cabeças de manhã cedo, num pátio de Paris, quando, mesmo ao lado, passavam os primeiros eléctricos a levar as pessoas para o trabalho ou como era habitual o recurso, pela polícia, da privação do sono dos suspeitos até confessarem e até mesmo espancamentos dos presos são mais do que sugeridos quando, por várias vezes, é dito que «agora, já não se pode bater neles...».
Outras pequenas cenas como estas (escritas em 1929):
Maigret precisa de mandar um recado e, sem se identificar e sem cerimónias, aborda um andrajoso que encontra na rua e ordena-lhe: «Toma cinco francos. Leva este recado».
De outra vez, bate a uma porta e pergunta à empregada que aparece a abrir: «Com quem te encontraste?»
A mesma forma de tratamento brutal por "tu" (a pessoas adultas e desconhecidas) aparece, também, usada para falar com judeus nos anos 3o e 40.
Cobrindo um período de mais de 40 anos, os sucessivos livros vão-nos dando conta da evolução da sociedade.

terça-feira, janeiro 03, 2006

A quem devemos reclamar?

Reclamar é um direito do consumidor, quer consuma, por exemplo, um electrodoméstico, um automóvel ou um apartamento. Deve ser um acto responsável do participante, aceite com naturalidade pelo participado.
Antes de tornar obrigatório o Livro de Reclamações em todas as actividades de prestação de serviços com contacto com o público impunha-se uma campanha de sensibilização, mesmo superficial, sobre o acto de reclamar. Por vezes, quando nos regurgita a acidez do estômago, procuramos, avidamente, um “pobre” mortal para descarregar toda essa azia que tomou conta de nós. Infelizmente, é uma disposição do nosso espírito, do nosso carácter.
Na falta dessa tal “alfabetização reclamativa” corremos o risco de entupir secretarias e gabinetes, com participações sobre coisas absurdas como a falta de um “cotonete” numa caixa de 100!..
Mas o caso torna-se mesmo caricato, quando, a partir de Janeiro, pedir o livrinho e o mesmo não estar disponível por incompetência do Ministério da Economia na sua distribuição.
A quem devemos, então, reclamar?