Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, setembro 29, 2006

Todo o mundo já o subscreveu

Comenta-se um relatório de dezasseis serviços especializados dos EUA que concluiram que a conduta da guerra no Iraque em vez de reduzir a amplidão dos fenómenos terroristas contra o continente americano, antes aumentaram o campo de acção destes.
O relatório, para trazer algo de inovador, devia alertar para o facto de ainda se poderem verificar consequências mais desastrosas caso Washington não saiba terminar a tempo com a ocupação do Iraque...

terça-feira, setembro 26, 2006

Um modelo aceitável de Segurança Social

A discussão sobre o modelo de Segurança Social parece-me estar infectada por alguma ideologia. Quem defende o sistema público e quem defende o sistema de capitalização parte de critérios que, muitas vezes, dizem mais respeito à prevalência das convicções do que à eficácia dos resultados.
Interessante seria inverterem-se os dados do problema: na verdade, o que se pretende com este sistema? Deve ele ser universal? Deve ser pago em função dos descontos? Deve ser pago em função do nível de vida?
A Segurança Social deverá servir para impedir que alguém caia, contra a sua vontade, numa situação extrema de pobreza? Se esta formulação (que serviu para justificar as primeiras leis de "welfare") for relativamente consensual poder-se-á construir, a partir dela, um modelo; se não, haverá que encontrar uma outra formulação que sirva de alicerce.
O que não é possível é pensar que esse alicerce seja: todos devem receber, independentemente do que pagam ou aqueles que nunca pagaram, jamais receberão ou ainda só os ricos podem sobreviver quando não puderem trabalhar.
A ideia fundadora do sistema destinava-se não a apoiar toda a gente, mas a sustentar os pobres, os – sublinhe-se – involuntariamente pobres. Não era um sistema universal – e provavelmente não pode ser. Não era um sistema que afastasse a responsabilidade de cada um pelo seu futuro e pelo do seu núcleo familiar - e, seguramente, não deve ser. Era, acima de tudo, um sistema de solidariedade, de cuidados pelos que sofrem e pelos que mais não podem. Este é seguramente um modelo aceitável.

sexta-feira, setembro 22, 2006

Até ao pedido de desculpa

O incêndio que lavra nos países islâmicos a propósito do discurso do Papa Bento XVI na Universidade de Ratisbona não deverá terminar nos próximos dias. Pelo contrário, deve agravar-se e alastrar, porque, no fundo, essa é a estratégia de todos os extremistas que utilizam o Islão como ideologia.
O que está a acontecer parece-me ser um descontextualizar das palavras do Papa, utilizando-as para fazer alastrar o ódio do mundo islâmico ao mundo ocidental e não descansar enquanto o Papa não se humilhar, ao ponto de pedir desculpas públicas.
Ora o discurso do Papa, ao contrário do que se pretende insinuar a campanha em curso, apela ao diálogo de culturas - e não ao ódio. A citação que está na base da ira islâmica ilustra exactamente que é do desconhecimento do outro que nascem os conflitos. Manuel II Paleólogo, o Papa citado por Bento XVI, diz que é absurdo difundir a fé pela violência e pergunta ao seu interlocutor, o escritor e pensador islâmico Ibn Hazn de Córdova: «Mostra-me então o que Maomé trouxe de novo. Não encontrarás senão coisas demoníacas e desumanas, tal como o mandamento de defender pela espada a fé que ele pregava».
Ora, apesar do Ocidente estar claramente sob pressão e à defesa no que toca ao mundo islâmico, seria razoável não tapar o sol com a peneira e não escamotear que o Islão foi alcandorando a ideologia por todos os que nos últimos anos têm vindo a praticar atentados violentos e desumanos, sobretudo contra alvos civis - por muito que esta realidade custe a todos os que não querem impor o Islão pela espada. Todos os atentados dos extremistas são feitos em nome da leitura, que consideram a única possível, das palavras do profeta Maomé. Os terroristas que atiraram os aviões contra as torres gémeas de Nova Iorque citavam trechos do Corão no momento do impacto. Osama bin Laden invoca Maomé para justificar a continuação de atentados contra o Ocidente. O escritor Salman Rushdie foi alvo de uma «fatwa» - em nome de Maomé.
Por isso, há pouca margem para ilusões, a campanha deverá continuar até o Papa aceitar pedir desculpas. Aliás, os que se servem inviamente desta polémica, não querem desculpas; querem continuar a acirrar os ódios no Oriente, querem arregimentar novos apoiantes para a sua causa e querem sobretudo a humilhação do Ocidente seja por causa dos «cartoons» dinamarqueses, seja por causa de uma citação feita pelo Papa.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Os militares no futebol

Apanhado também pelas escutas telefónicas, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, explicou que preferia certos árbitros a outros, como Pedro Henriques e João Ferreira, pelo facto de serem militares, dando a entender que daí decorre um comportamento cívico e moral acima dos outros cidadãos.
Como é evidente, o presidente do Benfica esqueceu-se que o homem que comanda o futebol português há mais de duas décadas dá pelo nome de (major) Valentim Loureiro e tanto quanto se percebe das escutas divulgadas, é a ele que todos os presidentes de clubes se dirigem quando querem escolher um árbitro mais amigo para os jogos de futebol das suas equipas. O próprio Luís Filipe Vieira conversou com o major sobre o tema. Com grande probabilidade, há-de ter começado a conversa por uma amigável «Como está, sr. Major?»...

quinta-feira, setembro 14, 2006

Sim, mas...

O Presidente da República tomou posse há cerca de seis meses. Para quem acreditou no cumprimento das suas promessas eleitorais, este meio ano não constitui uma surpresa.
Na verdade, a leitura que tem feito dos seus poderes é clara: o Governo governa, exactamente como ele tanto defendia quando era primeiro-ministro, e ao Presidente não cabe fazer nem o papel da oposição nem o papel da maioria que suporta o Governo. O Presidente é um órgão de soberania autónomo, independente, livre e – sublinhe-se – unipessoal. Pelo que as suas opiniões são suas e não de um gabinete, de uma «entourage» e menos ainda de uma facção.
A «esquerda» fatalista que prometia ficar acordada toda a noite caso Cavaco Silva fosse eleito, já deve ter percebido que pode continuar a dormir. Mas uma certa «direita» que via na eleição deste Presidente uma espécie de desforra da maioria absoluta socialista, talvez ainda não tenha compreendido totalmente que não é o Presidente que tem de arranjar uma solução que coloque, de novo, a dita direita no poder. A vantagem de Cavaco em não cair nessa tentação é tê-la conhecido bem de perto, embora o seu lugar, na altura, fosse o que é hoje de José Sócrates.
Por isso é normal que Cavaco seja o Presidente do "sim, mas" como alguns lhe chamam. Deixa seguir os diplomas que vêm do Parlamento ou do Governo, mas coloca as suas objecções pessoais. Se fizesse mais do que isto seria um Presidente bloqueador; se nem isto fizesse seria como um notário. Ao colocar os "mas" nos "sim", cria um estilo próprio, que é inatacável do ponto de vista formal, mas que tem, clara e vincadamente, um conteúdo político.
Além disso, todos os "mas" fazem sentido. Na Reprodução Medicamente Assistida toda a gente os tem; na Colecção Berardo muita gente ficou perplexa e a Lei Eleitoral dos Açores também tem que se lhe diga.
O mesmo aconteceu com o seu único veto – era tão óbvio que na Lei da Paridade a sanção para o seu não-cumprimento era exagerada que os próprios autores concordaram em revê-la.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Audiências mistas

O «New York Times» noticiou que o organismo responsável pela medição das audiências nos Estados Unidos, o Audit Bureau of Circulations, decidiu juntar os números da leitura dos jornais na Internet à audiência das vendas em banca.
Na primeira fase, estes novos dados de audiência – que resultam da soma do tráfego na Web com a leitura das edições em papel – vão ser disponibilizados apenas aos títulos especializados na área do negócio.
O sistema tem de ser afinado, para evitar que o mesmo leitor seja contabilizado duas vezes: uma por ter comprado a publicação na banca, outra por ter consultado o site da mesma na Internet, embora essa dupla acção não deixe de, na realidade, contar como um índice de audiência real.
O certo é que estamos perante mais um sinal da importância crescente dos jornais e revistas na rede ao ponto destes já contarem para os níveis de audiência dos títulos... o que de resto já devia estar a acontecer há muito.

domingo, setembro 10, 2006

A popularidade da vodka

A popularidade da vodka aumenta na Europa e no mundo, estando o mercado dessa bebida alcoólica avaliado em cerca de 10 mil milhões de euros. Daí a denominação do produto estar a ser alvo de fortes polémicas no interior da União Europeia, que deixou de fora a Rússia, o país onde mais se consome o "nectar".
A vodka dividiu a UE em dois campos antagónicos. De um lado, estão a Finlândia, Suécia, Polónia, países do Báltico, produtores tradicionais dessa bebida alcoólica; do outro, os novos produtores: Grã-Bretanha, França e Itália. O pomo da discórdia consiste em definir a partir de que produtos fabricar álcool étilico, componente fundamental na preparação da vodka. Segundo os tradicionalistas, o álcool para a vodka só deve ser preparado a partir do trigo e da batata, enquanto que os novos produtores defendem uma definição mais ampla em que a vodka é uma bebida feita de álcool étilico extraído de produtos agrícolas. Ou seja, será correcto produzir vodka a partir da beterraba açucareira, milho ou citrinos?
Os peritos da Comissão Europeia estudaram essa questão durante cinco anos e concluíram que, historicamente, no Velho Continente se faz vodka a partir dos mais variados produtos agrícolas e, por conseguinte, os produtores tradicionais não têm razão. Mas como a Finlândia preside à UE, finlandeses e suecos lançaram um contra-ataque para defender a receita tradicional, apresentando o exemplo do whiskie, que tem um modo de produção bem definido, mas os novos produtores falam em concorrência desleal e tentativa de monopolização do mercado.
A discussão continua acesa, mas sem a participação da Rússia, um dos primeiros e maiores produtores desta bebida alcoólica forte. Até porque os polacos já conseguiram convencer os europeus de que a palavra «wodka» aparece pela primeira em documentos do seu país no ano de 1405, como medicamento. Nos Anais russos, essa bebida alcoólica aparece apenas em 1553 para definir uma mistura de vodka de vinho de cereais, ou seja, álcool dissolvido.
Enquanto bebida, tal como é conhecida actualmente, a vodka aparece num decreto da Imperatriz Catarina I, datado de 8 de Junho de 1751 e que regulava o funcionamento das destilarias de álcool.
Enquanto a União Europeia discute a «essência da vodka», a Rússia enfrenta um gigantesca onda de intoxicações alcoólicas. Quando as pessoas não têm acesso à aquisição de vodka legal devido ao seu alto preço, recorrem ao chamado álcool industrial, metílico, comprando, nas lojas e supermercados, todo o tipo de produtos químicos que contêm esse líquido: águas de colónia baratas, produtos para limpar vidros, etc. Além disso, nos circuitos legais, é vendida grande quantidade de vodka produzida por grupos criminosos. Aparentemente, em nada se distingue da vodka legal: a garrafa e etiquetas são iguais, até a cor da bebida não é diferente, só que o conteúdo pode provocar morte imediata, ao contrário da vodka legal, que prejudica a saúde mais devagar.

quarta-feira, setembro 06, 2006

O ilusório poder da escolha

A liberalização do mercado da electricidade está aí à porta. No entanto, e apesar de 71,5% dos consumidores se mostrarem receptivos à mudança de fornecedor, pergunto-me qual é a mais valia ou que tipo de incentivo tem o consumidor em mudar de operador se as tarifas praticamente são as mesmas?
É como sairmos para a rua num dia de chuva com um chapéu preto e no dia seguinte sairmos com um encarnado... o efeito é o mesmo.

sexta-feira, setembro 01, 2006

De regresso!



Que Praga é bonita, isso sempre se soube.
Fugi para lá e descobri com os meus próprios olhos, que foram quem primeiro a guardou.