Alguns Pensamentos...

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quinta-feira, março 31, 2005

Júlio Verne (1828 - 1905)

Comemora-se, com várias iniciativas pelo país, o centenário da morte desta grande figura literária.
Júlio Verne foi , de facto, um grande escritor. Percursor da ficção científica e mesmo da inovação tecnológica, passou a sua infância em Nantes, estudando em Paris.
A sua carreira literária começou a destacar-se quando o mesmo se associou a Pierre Jules Hetzel, um editor experiente que trabalhava com grandes nomes da época, como, por exemplo, Vitor Hugo.
Hetzel publicou a primeira grande novela de sucesso de Júlio Verne em 1862, que era basicamente o relato de uma viagem a África num balão, intitulado Cinco semanas em um balão. Essa história fantástica continha detalhes tão minunciosos que parecia um relato verídico, mas não o era - toda a informação provinha da sua imaginação aliada à sua capacidade de pesquisa. Quase todos os anos Hetzel publicava um livro de Verne, entre os quais se encontravam Vinte mil léguas submarinas, Viagem ao centro da Terra, A volta ao mundo em oitenta dias, Da terra à lua, Robur - o conquistador, entre outros. O seu último livro publicado foi Paris no século vinte, escrito em 1863, mas somente publicado em 1989, quando o manuscrito foi encontrado por um bisneto de Verne.
Até hoje Júlio Verne é o escritor cuja obra foi mais traduzida, com traduções em 148 línguas, segundo estatísticas da UNESCO, tendo escrito mais de 70 livros.

quarta-feira, março 30, 2005

O Papa: esteio da Igreja Católica?

O estado de saúde do Papa João Paulo II, que no domingo de Páscoa não conseguiu pronunciar uma benção na Praça de São Pedro, converteu-se num factor de crescente preocupação para uma Igreja Católica que se vê cada vez mais privada do carisma do seu chefe espiritual.
As dezenas de milhares de peregrinos que assistiram à missa do domingo de Páscoa, bem como os telespectadores em todo mundo, recordam o esforço do Sumo Pontífice que, aliás, não conseguiu pronunciar a tradicional benção Urbi et Orbi. Esta debilidade papal é geradora de controvérsias e de convulsões no seio da Igreja Católica, no sentido em que a figura do Papa é de extrema importância, tendo um papel fundamental enquanto dirigente da Igreja Católica que agora se afigura sem norte, sem um rumo, sem um dirigente, e, portanto, em crise. Este desequilíbrio que se vai adensando e espelhando pela sociedade é vivenciado, decorrente da importância do papel do Papa enquanto legitimador de uma determinada ordem social.
Ora, este drama pessoal de João Paulo II pode ser facilmente associado a uma crise institucional, sendo uma espécie de metáfora que designa uma Igreja Católica, também ela doente. Isto não significa que a Igreja Católica repouse nos ombros de um só homem, embora seja nele que converge toda uma identidade.
Há quem caracterize João Paulo II como lúcido e dirigente da Igreja Católica, outros que o dão como lúcido mas não fazem dessa particularidade um sinónimo de estar em condições de governar e ainda outros que nem o consideram lúcido nem em condições de governar, considerando-o inerte e passivo. Dada a sua debilidade e idade muitos juízos se poderão fazer mas em muitas decisões da Igreja ainda há bastante de João Paulo II, quer da sua faceta conservadora quer da sua faceta neo - kantiana. O Sumo Pontífice contraria, a meu ver, a ideia de que é uma simples marioneta nas mãos de homens mais influentes e poderosos, marcando activamente o seu pontificado.
Contudo, o tempo urge e a Igreja Católica, mais tarde ou mais cedo, vai ter de agir. Apesar da contribuição que João Paulo II ainda fornece à Igreja Católica no desempenho das suas funções, a realidade que se avizinha é o terminus do seu pontificado, tão mais plausível à medida que se agrava o seu estado de saúde.
Enquanto este episódio se esclarece, despoletaram fracturas no seio da Igreja que funciona como um todo holístico no qual também existe a pluralidade de opiniões. São essas tensões que se irão agudizar e formar a realidade religiosa e social, numa dinâmica equilíbrio - desequilíbrio.