Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, março 31, 2006

Um ano na blogosfera



Uma palavra de apreço a todos aqueles que participam neste blog através da sua visita ou pelos comentários que vão deixando.
São estas acções que lhe dão sentido e que fazem com que este aniversário seja também o vosso. Muitos Parabéns!

quinta-feira, março 30, 2006

Consequências de uma vida

Passou-se assim: quarta - feira tocou o despertador eram 7h da manhã e deitei-me eram 3h da manhã. Hoje, o mesmo despertador tocou, uma vez mais, às 7h da manhã e, uma vez mais, são 3h da manhã.
Há 15 minutos fiz uma boa acção. Vou agora buscar uma vassoura e uma pá, que os vidrinhos e os ponteiros ficaram espalhados pelo quarto...

quarta-feira, março 29, 2006

Descubra as diferenças...


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segunda-feira, março 27, 2006

O passado pesa no presente

O Le Monde de 21 deste mês traz uma notícia sobre um militante de extrema-esquerda, Michael Csaszkoczy, impedido de dar aulas, na RFA, no Laender de Bade-Wurtenberg, por um tribunal regional administrativo, cujo presidente sentenciou que «Um professor de Alemão e de História tem o dever de considerar positivamente o Estado e a Constituição».
Ora Michael, filho de um refugiado húngaro de 1956, é militante de um movimento que tanto se opõe aos neo-nazis como está contra o capitalismo. Mas na sua singela opinião não tem meios práticos para por um fim a essa sociedade. Considera-se assim um teórico, agora sem emprego aos 35 anos.
Cerca de 11.ooo alemães estão impedidos de serem funcionários públicos por convicções políticas radicais num universo de mais de três milhões de suspeitos, segundo uma lei do tempo da Guerra Fria. Sábado houve uma manifestação na Alemanha a favor do Csaszkoczy... Boa noite, e Boa sorte.

sexta-feira, março 24, 2006

A poética da lucidez



Pode haver mais poesia na desilusão?


"(...) já não escrevo poesia para mudar o mundo mas tão-só para evitar que o mundo me mude a mim."


Manuel António Pina in Visão, 23 Fevereiro 2006

quinta-feira, março 23, 2006

Um bem vital

Vinte e seis anos depois da instituição pela ONU do Decénio da Água e do Saneamento, que tinha como objectivo garantir o acesso à água para todos no ano 2000, verifica-se que o nobre objectivo é ainda uma miragem.
A nível mundial existem mais de 1,4 mil milhões de pessoas (!) sem acesso a água potável e 2,4 mil milhões de indivíduos (!) sem qualquer espécie de saneamento básico. Morrem mais de 30 mil pessoas por dia (!) por falta de água potável ou meios de higiene adequados.
Além disso, defendendo-se o direito de a água ser um bem vital para todos é de igual modo essencial garantir a sua qualidade.
À questão da água – como a tantas outras a nível mundial – faltará o bom senso. Só a partir daí se pode passar para uma outra etapa social e cultural.

quarta-feira, março 22, 2006

Reforma ou revolução?

Regularmente, há um mês, a França vive agitada por manifestações que são cada vez mais intensas. Na primeira linha, os estudantes, que protestam em manifestações espontâneas ou organizadas e que, na semana passada, já degeneraram em verdadeiras batalhas campais, juntando-se a centenas de milhares de trabalhadores.
O pretexto é o chamado Contrato Primeiro Emprego (CPE) que o Governo quer impor e ao abrigo do qual os empregadores poderão despedir, sem justa causa, jovens com menos de 26 anos, nos primeiros dois anos de trabalho. O pano de fundo é o de uma crise social profunda, cujos primeiros sinais já se fizeram ouvir em 2005, com a rejeição do Tratado Constitucional Europeu. E o perigo é aquele que 71% dos franceses apontam, segundo as últimas sondagens: que a crise se amplie e descambe numa verdadeira fractura social entre os que estão «dentro» e os que estão «fora».
Ninguém cede: nem o primeiro-ministro Dominique de Villepin, que não quer retirar o projecto, na expectativa do cansaço dos estudantes em véspera de férias da Páscoa; nem os trabalhadores, cujos sindicatos convocaram para 28 de Março nova manifestação de força; nem os estudantes, que bloqueiam dois terços das 84 universidades do país.
Villepin diz que não tem escolha e que o novo tipo de contrato se destina a criar mais empregos ambicionando a uma flexibilização do mercado de trabalho, para fazer face às condições do novo capitalismo que a globalização tornou mais selvagem. E que a rigidez das leis laborais em França - que torna muito difícil o despedimento e caras as contratações (o salário mínimo é de cerca de 1000 euros) - torna complexa e morosa a adaptação do mercado às novas condições.
O problema é que o mercado de trabalho é feito de pessoas. E se todos mais ou menos reconhecem que o trabalho tem de ser flexível, a vida não pode sê-lo. Pelo menos não pode ser «indexada» por um contrato de trabalho precário, sem qualquer rede de segurança, que permita ao jovem emancipar-se dos adultos e construir a sua própria vida. Segmentar o mercado de trabalho em «estáveis» e «precários» não parece ser a melhor solução - agravada ainda por cima com a falta de jeito do primeiro-ministro, que se recusou a falar com os parceiros sociais. Tal como dizia o sociólogo François Dubet ao jornal «Liberation», na verdade, o CPE institucionalizou a precariedade para todos. E os jovens tornaram-se a tal variável de ajustamento do mercado de trabalho. Compreende-se o fundo de angústia que atravessa a explosão dos protestos, da geração que percebe que vai viver pior que os seus pais.
Posto isto, qual é a saída? O problema que se vive hoje em França está longe de ser único. É um problema europeu, que afecta, em particular, países com sistemas de segurança social mais rígidos. É o problema da Alemanha, da Espanha, de Portugal, entre outros, em que os jovens cada vez mais instruídos e com mais capacidades, são lançados para um mercado de trabalho fechado e sem esperança.
A solução é acabar com o modelo social? Seguramente que não. Mas há que adaptá-lo, sob pena dele ruir por completo até porque na Europa há países onde o modelo funciona, como na Dinamarca ou na Suécia, não por acaso os de maior êxito económico. Onde foi possível introduzir flexibilidade nos empregos, mas acompanhada de um sistema sólido de protecção social - é a flexisegurança, como lhe chamam, que combina regras mais liberais de contratação e despedimento, com subsídios de desemprego generosos, uma procura activa de emprego e uma adequada formação profissional. Lá funciona. Por vezes, é melhor fazer uma reforma do que uma revolução...

segunda-feira, março 20, 2006

A ética das decisões



Hans Jonas (*) viu-se grego, como se sabe, para descobrir os critérios que deveriam presidir à escolha de quem se poderia candidatar à promessa tecnológica do prolongamento artificial da vida. Pessoas de especial qualidade e mérito? De grande destaque social? Aqueles que a podem pagar? E não vislumbrando uma solução eticamente satisfatória acabou por reconhecer que o justo era que toda a gente tivesse a mesma possibilidade de aceder a tal benesse.
Belos tempos, esses, em que a ética era, em si mesma, um limite à tomada de decisões discriminatórias. Mas é claro que Hans Jonas não está já entre nós. Quem está entre nós são, por exemplo, os actuais técnicos da Direcção Geral de Saúde que, sem qualquer cerimónia, já escolheram os 100.000 portugueses «fundamentais» que irão ter direito à vacina contra a gripe aviária. Sucede que enquanto Jonas lidava apenas com a mera possibilidade de se prolongar a vida, as decisões da DGS podem representar uma potencial condenação à morte antecipada de muitos cidadãos...
(*) Hans Jonas, (1994), ÉTICA, MEDICINA E TÉCNICA, Lisboa: Vega

sexta-feira, março 17, 2006

Os dois "vencidismos"



Uma reflexão bastante interessante da autoria de Luís Aguiar Santos, inspirada por Jorge Revez, encontra-se aqui.

quinta-feira, março 16, 2006

E tudo era possível...

Na minha juventude antes de ter saído
da casa de meus pais disposto a viajar
eu conhecia já o rebentar do mar
das páginas dos livros que já tinha lido

Chegava o mês de maio era tudo florido
o rolo das manhãs punha-se a circular
e era só ouvir o sonhador falar
da vida como se ela houvesse acontecido

E tudo se passava numa outra vida
e havia para as coisas sempre uma saída
Quando foi isso? Eu próprio não o sei dizer

Só sei que tinha o poder duma criança
entre as coisas e mim havia vizinhança
e tudo era possível era só querer...
Ruy Belo, Homem de Palavra[s]

quarta-feira, março 15, 2006

A herança de Milosevic

Slobodan Milosevic morreu sábado, de ataque cardíaco, na sua cela de Haia, onde se encontrava desde Junho de 2001, sem ser sentenciado. Exige o politicamente correcto chamá-lo de «carniceiro dos Balcãs» (que foi), mas a verdade também manda dizer que não foi o único: nem foi o único instigador da morte de milhares de inocentes naquela região, nem o único que morreu sem conhecer o veredicto dos tribunais.
A imensa tragédia dos Balcãs não se poderia ter consumado apenas fruto da sua «obra» - se assim quisermos chamar a uma política cega e obstinada de fuga em frente, inspirada por um nacionalismo exacerbado e vontade de poder pessoal e que, aliada ao gangsterismo e ao que restou do comunismo, mergulhou a Sérvia num profundo problema. Houve outros responsáveis das guerras que ali se sucederam: Franjo Tudjman, da Croácia e Alia Izetbegovic, da Bósnia, morreram de morte natural e nunca foram indiciados por crimes de guerra, ficando do lado certo da história.
A verdade é que o antigo homem forte dos Balcãs acabou por perder, de facto, todas as guerras. Mas a herança que deixou - a desintegração da Jugoslávia alimentada pelo nacionalismo - está ainda por resolver, cinco anos após a sua saída do poder. Seja no Kosovo, cujo futuro estatuto se discute agora; seja no Montenegro, que já tem referendo marcado para Maio para se separar (ou não) da Sérvia; seja na Bósnia, esse particular Estado composto de duas entidades incapazes de se entender; seja ainda na Sérvia que, governada por uma frágil coligação minoritária de centristas, liberais e conservadores, depende frequentemente dos votos do que resta do Partido Socialista de Milosevic para se manter; seja ainda no próprio Tribunal de Haia, criado em 1993 para dar uma resposta internacional às violações de direitos humanos que ocorriam na ex-Jugoslávia desde 1991 e que assim perde um elemento-chave que, em parte, justificou a sua existência.
Mas pode ser que a sua morte seja, por fim, um ponto final e que permita aos sérvios enterrá-lo de vez. Será que Javier Solana, por dever do seu ofício de Alto Representante para a Política Externa e de Segurança Comum europeia, viu a luz ao fundo de um longo túnel quando disse: «que a Sérvia e o Montenegro encontrem agora a possibilidade de olhar para o futuro e deixar de olhar para trás»? A ver vamos.

segunda-feira, março 13, 2006

Um ano de governo

Um Governo, por princípio, não se mede por um ano de exercício ou pela performance individual. Avalia-se pelos resultados, sectoriais e globais, quando comparados com as promessas e os objectivos.
Num ano, diga-se, Portugal aumentou o desemprego, baixou substancialmente o PIB, reduziu pouco o défice e causou uma agitação social que está longe de acabar. Dizem alguns que tudo isto vai dar frutos, e cá estaremos para ver nos três anos e meio que faltam.
Uma de duas: ou corre tudo bem e as pessoas esquecem-se dos sacrifícios que fizeram, ou o Governo acaba em desastre eleitoral, por ter falhado tudo.
A questão, contudo, está em saber quanto anos Portugal aguenta a perder tudo, a baixar o seu nível de vida, a ver os outros a passar a grande velocidade...

sexta-feira, março 10, 2006

O quadro



« Há quem pretenda agravar este quadro, comparando os mandatos de Sampaio aos dos seus antecessores: Eanes teria ficado associado à democratização e à desmilitarização; Soares à Europa e à economia de mercado; de Sampaio não restaria, para contar, o cumprimento de nenhum "desígnio" nacional. É, a meu ver, uma visão parcial, se não hollywoodesca, da História. A verdade é que o primeiro liderou, a partir de Belém, uma tentativa de organizar, num "partido renovador", os inconformados com os vários partidos existentes; o segundo liderou, durante o segundo mandato, a oposição ao Governo e tentou condicionar, designadamente através de um congresso, os termos da tomada do poder pelos socialistas. Deles os três, foi Sampaio, sem dúvida, o que teve uma visão mais autenticamente republicana dos poderes presidenciais. Com tudo o que isso significa de bom e injustamente esquecido, em termos de estabilidade política. Mas também com todas as frustrações que o eleitorado exprime ao desejar, para o futuro, "um Presidente mais interveniente".»

Diogo Pires Aurelio, DN

quinta-feira, março 09, 2006

Motivos de preocupação

Na sua primeira entrevista desde a eleição, curiosamente dada a um jornal de direita espanhol, o novo Presidente da República defende duas posições que nem por não serem inesperadas são menos controversas: uma, relativa à "constituição europeia", que ele considera insusceptível de ser "ressuscitada" (embora se refira ao momento presente); outra, relativa à centralização do País, que seria uma prova da sua unidade e homogeneidade.

quarta-feira, março 08, 2006

Sísifo em Portugal: o trabalho sem esperança...

terça-feira, março 07, 2006

O futuro passa pela China?

Xangai é, provavelmente, a cidade que simboliza hoje em dia melhor do que nenhuma outra o fenómeno da globalização cultural. Não por acaso, já que nos anos 20 e 30 do século XX, Xangai era uma das cidades mais cosmopolitas e empolgantes do mundo. Era, igualmente, uma das mais violentas, ultrapassando nesse aspecto a Chicago de Al Capone.
De qualquer modo, existe uma longa tradição nesta cidade costeira chinesa de intercâmbio cultural com outros povos da região e do mundo, pelo menos até ao momento em que o então chamado «Império do Meio» decidiu destruir a sua frota e fechar-se ao mundo. Quando, quatro séculos volvidos, os «bárbaros» do Ocidente voltaram, agora munidos de tecnologia militar moderna, a China não teve outro remédio que não o de se abrir à força. Muitos destes «bárbaros» - ingleses, franceses, americanos e russos - escolheram Xangai como o ponto nodal a partir do qual desenvolviam as suas actividades comerciais.
Naturalmente, a vida cultural da cidade não podia deixar de reflectir este autêntico «melting pot» caótico, vibrante e imprevisível.
O jazz que então se tocava e ouvia em Xangai não ficava a dever nada ao de Nova Orleães ou ao de Chicago. Aliás, o carácter multicultural do jazz explica porque era a música de eleição dos bares e hotéis de Xangai nos anos 30. Tal como o jazz é o resultado de múltiplos elementos e influências, sendo talvez o primeiro estilo musical realmente global, também a Xangai desses anos se assomava como a principal metrópole cosmopolita do Extremo Oriente.
A arquitectura desta cidade é outro exemplo da sua abertura ao mundo. A «Arte Deco», baptizada em 1966 embora nascida em 1925, foi adoptada em Xangai com um entusiasmo só comparável ao de Nova Iorque, superando a Paris que a viu nascer e a imperial Londres. Este movimento artístico puramente decorativo assumiu nesta cidade do Extremo Oriente o mesmo diálogo inter-civilizacional que está na origem dos motivos aztecas dos arranha-céus nova-iorquinos.
A Xangai dos dias de hoje parece querer acordar do torpor que o regime comunista lhe impôs até meados dos anos 80. Com a abertura aos benefícios da economia de mercado decretada por Deng Xiaoping, Xangai parece querer recuperar o ritmo frenético dos anos 30. Infelizmente, a globalização dos nossos dias não tem o "requinte" dos anos 20 e 30. O jazz e a «Arte Deco» foram substituídos pelos últimos «hits» da pop, pelos MacDonalds e pela poluição automóvel. A repressão política é a regra, as liberdades e garantias que damos por adquiridas no Ocidente, uma miragem. Diz-se por aí que o futuro passa pela China. Não sei se é verdade. Mas uma coisa eu sei - se, no futuro, puder ir até Xangai, vou tentar descobrir um hotel com uma banda de jazz e tentar reviver aqueles loucos anos 30...

segunda-feira, março 06, 2006

Nation building or state implosion?

Responsáveis da defesa dos Estados Unidos e do Reino Unido qualificaram ontem de «completamente falsas» as notícias sobre uma retirada das tropas norte-americanas e britânicas do Iraque em 2007. Os Estados Unidos mantêm 136.000 militares no Iraque, enquanto o Reino Unido tem cerca de 8.000 tropas estacionadas em quatro províncias do sul do país. Além destes contingentes, mais de 21.000 militares de outros 26 países estão no Iraque.
Tudo indica que terá de ser uma futura administração a remediar um erro colossal. Ajudar a construir novos consensos políticos, negociar com quem queira refazer um Estado laico e representativo não será fácil se for esse o objectivo, mas a ferro e fogo também não se chega lá... O que está a acontecer no Iraque?

sexta-feira, março 03, 2006

O furacão vai percorrer a Casa Branca...

quinta-feira, março 02, 2006

O século do medo?

Não afirmo peremptoriamente que vivemos no Século do Medo, como alguns declaram. Mas que o Medo, de efeitos poderosos, é um dos temas que domina a comunicação social, desde as gripes às alterações climáticas, parece-me evidente. E que o medo tem sido particularmente fermentado desde o 11 de Setembro, também. Aliás, a propósito disso, vale a pena relembrar o documentário The Power of Nightmares, que remete para a diferença entre a “antiga” proposta de sonhos e a actual promessa securitária. Embora as reacções de pânico em massa sejam menos frequentes do que se supõe, alguns interrogaram-se sobre se o medo dos ataques terroristas não as podia fomentar. E não tendo encontrado nenhum documento que confirme o aumento da sua frequência, alguns acontecimentos parecem querer mostrar essa possibilidade. A morte de quase 1000 pessoas em Bagdad em Agosto de 2005, quando a multidão entrou em pânico na sequência de rumores que davam conta da presença de um bombista suicida, é um deles e a histeria em massa em Manila, é outro.
Mas não será apenas o “clima de medo” de que tanto falava Michael Moore, que lança condições para estes comportamentos. O facto de as pessoas se reunirem cada vez mais em mega-cidades potencia-o. E o evacuamento, como aliás ficou demonstrado pelo Katrina, está longe de ser bem planeado.
Por outro lado, o que parece evitar o pânico entre a multidão são os laços, a coesão e a solidariedade. Numa sociedade de "desaliança", onde estão esses comportamentos?

quarta-feira, março 01, 2006

Os idosos: um capital humano

Foi manchete no Diário de Notícias: Lisboa é a cidade mais envelhecida do país e a nona da Europa.
Segundo os dados revelados pelo vereador da Acção Social da Câmara Municipal da capital, Sérgio Lipari Pinto, Lisboa tem um quarto da população com mais de 65 anos - perto de 136 mil pessoas em 2001 - e cerca de 34 mil idosos a viver isolados.
É um importante legado de capital humano que se perde ao não ser aproveitado e aplicado. Ser idoso não é transformar-se num peso inútil para a sociedade. Pelo contrário, a sociedade tem de criar mecanismos e mais condições para recuperar - em trabalho parcial ou de voluntariado ou mesmo em actividade de lazer - essa experiência e sabedoria, muitas vezes vital para o enquadramento dos jovens e a própria segurança das comunidades.
Existem, contudo, entraves sociais e culturais, peculiares da sociedade portuguesa. Há quem se acomode em demasia e não aceite sequer um apelo a um maior dinamismo. Talvez seja a diferença entre gozar a reforma e não saber o que fazer com ela... senão lamentar-se.