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quarta-feira, janeiro 04, 2006

Obras que acompanham a evolução da sociedade



Simenon (1903-1989) começou a escrever romances aos 18 anos e publicou o seu primeiro em 1929.
Embora sendo belga, Simenon descreve essencialmente a realidade parisiense, dando-nos também a conhecer muito sobre a França e mesmo um pouco sobre outros países por onde, por vezes, a acção se espraia. É curioso ler algumas referências (que na altura eram naturais!) à guilhotina - a cortar cabeças de manhã cedo, num pátio de Paris, quando, mesmo ao lado, passavam os primeiros eléctricos a levar as pessoas para o trabalho ou como era habitual o recurso, pela polícia, da privação do sono dos suspeitos até confessarem e até mesmo espancamentos dos presos são mais do que sugeridos quando, por várias vezes, é dito que «agora, já não se pode bater neles...».
Outras pequenas cenas como estas (escritas em 1929):
Maigret precisa de mandar um recado e, sem se identificar e sem cerimónias, aborda um andrajoso que encontra na rua e ordena-lhe: «Toma cinco francos. Leva este recado».
De outra vez, bate a uma porta e pergunta à empregada que aparece a abrir: «Com quem te encontraste?»
A mesma forma de tratamento brutal por "tu" (a pessoas adultas e desconhecidas) aparece, também, usada para falar com judeus nos anos 3o e 40.
Cobrindo um período de mais de 40 anos, os sucessivos livros vão-nos dando conta da evolução da sociedade.