Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, setembro 30, 2005

Uma imagem vale mesmo mais do que mil palavras...

quinta-feira, setembro 29, 2005

A rota africana da Al - Qaeda

Ao contrário do que se pensa, o terrorismo é quase como uma espécie de ciência bem planeada em que não se descura nenhum pormenor e as peças são movimentadas pouco a pouco como num jogo de xadrez. O aproveitamento de todas as condições, dos meios que melhor possibilitem atingir os fins não é desaproveitado por organizações terroristas onde se inclui a Al - Qaeda. Ultimamente, a movimentação desta organização terrorista tem sido subtil mas, nem por isso, menos eficaz.
Nos últimos anos, o território africano tem sido explorado, existindo mesmo a fixação de elementos ligados à Al Qaeda em Angola em grande parte devido não só a sua extensa e vulnerável fronteira nacional mas também por causa na aproximação, cada vez maior – compreensível e desejável – aos norte-americanos e ao mundo ocidental.
Mas não é só em Angola onde os "fundamentalistas" islâmicos estão sedeados. Células fundamentalistas, ou melhor, intransigentes, foram descobertas em países como Argélia, Chade, República Democrática do Congo, Djibouti, Egipto, Guiné-Bissau, República da Guiné-Conacry, Líbia, Mali, Mauritânia, Nigéria, Somália, Sudão, Tanzânia e Tunísia. O terrorismo parece não dormir, espalhando as suas peças sem descanso...

quarta-feira, setembro 28, 2005

O Eclipse do ano



O eclipse começa dia 3 de Outubro pelas 8h40min, uma hora depois de o sol se erguer. Nada se notará a princípio, a não ser que se observe o astro-rei com equipamento apropriado. Mas, ao se aproximarem as 10h, tudo muda de figura. Mesmo os transeuntes mais distraídos notarão que o céu escurece e que a terra parece ganhar tons arroxeados. É uma sensação difícil de definir, mas marcante. Não se trata de um eclipse total do sol, pois, se o fosse, seríamos mergulhados na escuridão quase total.
Mas nem por isso o evento deixa de ser menos espectacular. Desta vez, as distâncias relativas entre a Terra, o sol e a lua são tais que o nosso satélite tem nessa data um tamanho aparente, ligeiramente menor que o do sol, interpondo-se entre nós e a nossa estrela, mas não a consegue tapar por completo. No momento decisivo, deixa a luz escapar-se por um fino bordo luminoso que o sol desenha em torno da lua e tudo se passa como se a nossa estrela, em vez de ser um disco amarelo e cheio fosse apenas um fino anel de luz: é um eclipse anular do sol.
O alinhamento perfeito do sol e da lua apenas se regista numa faixa estreita. Fora dela, o eclipse não é visto como anular, mas apenas como parcial.
Desta vez, temos a sorte de a faixa central passar pelo nosso território, abarcando grande parte do Minho e de Trás-os-Montes. Haverá certamente muitos curiosos que se deslocarão a essa região para ver o centro do disco do sol ser tapado pela lua. Fora da faixa central, o eclipse é visto como parcial, com o disco solar mordido de lado pela lua mas nem por isso deixa de ser interessante. Mesmo no Algarve, a região do Continente mais afastada do centro da sombra da lua, o sol apresenta-se suficientemente dentado para a sua luminosidade diminuir significativamente.
O momento central do eclipse ocorre poucos minutos antes das 10h (hora aplicada no Continente e na Madeira, uma hora antes nos Açores). A partir daí, os acontecimentos realizam-se em sentido inverso e a luminosidade habitual do dia regressa pouco a pouco. Pelas 11h18, a lua afasta-se completamente da frente do Sol e tudo regressa à normalidade.
Quem queira ver o eclipse na faixa central deverá planear já a sua deslocação. O NUCLIO de divulgação astronómica organiza uma viagem a Trás-os-Montes e planeia uma série de actividades, embora haja várias outras organizações que têm programas de observação espalhados pelo país.

terça-feira, setembro 27, 2005

O mesmo local nas quatro estações

segunda-feira, setembro 26, 2005

Que rumo para a Guiné - Bissau?

A Guiné-Bissau fez ontem 32 anos de existência como Estado independente mas ainda não como Nação. Declarada, unilateralmente, a independência a 24 de Setembro de 1973, através de uma declaração lida por "Nino" Vieira, então presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP) nas zonas libertadas pelo PAIGC, só viu reconhecida a sua independência, por Portugal, a potência colonizadora, quase um ano depois, a 10 de Setembro de 1974, pelas mãos de Mário Soares e de Pedro Pires. Interessante o facto de estas três personalidades são, ou foram, ou estão em vias de ser, novamente, presidentes.
A pobreza endémica – mais devido à corrupção que à falta de condições agro-económicas e vontade do povo –, sem luz eléctrica há cerca de dois meses, deficiente fornecimento de água, salários em atraso – o Estado é o principal empregador –, uma classe empresarial deficiente (com grande parte das empresas nas mãos de um homem ou de um grupo por ele dominado), uma posição no índice de Desenvolvimento Humano que coloca a Guiné - Bissau no 6º lugar das regiões mais pobres do mundo e uma crise epidémica de cólera que não parece esbater, tornam-na num dos Estados mais pobres de África e do mundo, só suplantando Chad, Mali, Burkina Faso, Serra Leoa e Níger. Quem diria... tudo países africanos.
Pois veremos o que nos trará o 1º de Outubro, quando “Nino” tomar posse e co-habitar com o seu inimigo político e primeiro-ministro (e antigos aliados no PAIGC – mas quando é que os guineenses deixam cair o “C” e se tornam no partido nacional – e se viram de uma vez por todas para dentro?) Carlos Gomes Júnior continua, apesar das decisões do Supremo Tribunal, a questionar a vitória do candidato “Nino” Vieira. Bom seria que ambos dessem as mãos e concentrassem exclusivamente as suas forças em prol do desenvolvimento do Estado da Guiné-Bissau e o tornassem num futuro próximo numa Nação.
Até que isso aconteça, iremos continuar a ver um Estado paupérrimo assente em absurdos equívocos que a Comunidade Internacional começa a não mais tolerar, nem os doadores, em Novembro, acobertar.

domingo, setembro 25, 2005

A "aparição" de Fátima



A cidade de Felgueiras tornou-se subitamente palco das atenções da comunicação social, de esperança para muitos “crentes” e de agitação para muitos políticos. Eram 6h40m da manhã em Lisboa quando, uma senhora vestida de bege, irradiando luz e um perfume divino, desceu do céu a bordo de um avião da transportadora nacional. Face a tal imagem celestial, quem poderia ser senão a senhora Fátima? Para uma Lúcia ou uma Jacinta da actualidade, não restaram quaisquer dúvidas.
Horas mais tarde, a aparição repetiu-se em Felgueiras (não sei se numa azinheira). Mau grado a opinião de “velhos do Restelo”, o povo, ávido do “sobrenatural”, aos milhares, erguia já as fotos da aparição, qual entidade já consagrada nos altares do país.
Era mesmo a senhora Fátima... Felgueiras.

sábado, setembro 24, 2005

Investimento português nos PALOP decresce

De acordo com o relatório do Banco de Portugal A Evolução das Economias dos PALOP 2004/2005, o investimento português nos países africanos da lusofonia caiu para o patamar mais baixo desde 1996, ascendendo o investimento luso nos PALOP cerca de 47,8 milhões de euros, qualquer coisa como uma redução em cerca de 16 milhões de euros comparativamente a 2003.
Se considerarmos que a dívida dos PALOP para com Portugal ascende a 200 milhões de euros e que o desenvolvimento daqueles países assenta, em grande parte, não na sua riqueza interna – e a maioria tem-na para dar e vender – mas sim no investimento e ajudas externas, então algo corre menos bem nas relações externas luso-PALOPs.
Será por causa das políticas incertas e pouco claras do Palácio das Necessidades? Ou das mudanças cíclicas no, e do, ICEP? Ou, será tão só, da falta de uma clara política externa portuguesa face aos seus parceiros africanos, em geral, e lusófonos, em particular?

sexta-feira, setembro 23, 2005

Rita é a senhora que se segue...

Jeremy Rifkin, The Guardian:
"A new scientific report out this past week in Science Magazine, a prestigious American journal, gives fresh impetus to the connection between oceans warming as a result of climate change and the increased severity of hurricanes. Scientists report that the number of major - category four and five - hurricanes has nearly doubled in the past 35 years. Tropical storms, say the scientists, draw their energy from warm ocean water. As the global rise in temperature heats the world's oceans, the intensity of hurricanes increases. Katrina and Rita, then, are not just bad luck, nature's occasional surprises thrust on unsuspecting humanity."

quinta-feira, setembro 22, 2005

Um ano transformado em dois?


Segundo uma ideia muito difundida, Newton teria nascido no ano em que Galileu morreu. Qualquer enciclopédia refere 1564 e 1642 como datas de nascimento e morte de Galileu e 1642 e 1727 como datas de nascimento e morte de Newton. Onde está então a dúvida?
A verdade é que os dois 1642 são diferentes. Um está referido ao calendário gregoriano actualmente em vigor em quase todo o mundo enquanto o outro está marcado pelo antigo calendário juliano, que foi abolido na Europa ao longo dos séculos XVI, XVII e XVIII. Galileu morreu em 8 de Janeiro de 1642, segundo o calendário gregoriano, que foi adoptado na península italiana em 1582 e Newton nasceu em 25 de Dezembro de 1642, segundo o calendário juliano na altura usado em Inglaterra e mantido nesse país até 1752.
Na verdade, convertendo o nascimento de Newton para o calendário gregoriano, vemos que ele nasceu dia 4 de Janeiro de 1643, ou seja, no ano seguinte ao da morte de Galileu e 361 dias mais tarde! Poderia pensar-se que os dois teriam nascido no mesmo ano se se adoptasse o calendário juliano para ambos mas, neste último calendário, Newton nasceu em 25 de Dezembro de 1642, como se disse, e Galileu morreu em 29 de Dezembro, mas de 1641 - os mesmos 361 dias de diferença.
Na base deste desfasamento está a diferença de dia adoptado para começo do ano. No calendário gregoriano, como se sabe, é 1 de Janeiro enquanto que no caso juliano era 25 de Março.
As coincidências de datas podem ser apenas aparentes...

quarta-feira, setembro 21, 2005

Os políticos com concupiscência para o poder



José Eduardo dos Santos, reconhecido, a certa altura, por Jonas Savimbi, como presidente de Angola, completa hoje 26 anos no cargo, após ter sido empossado, em 1979, na sequência da morte de Agostinho Neto, o primeiro presidente pós-independência. É, a par de Omar Bongo, presidente do Gabão há 38 anos e Muammar Kadhafi, senhor da Líbia há 36 anos, um dos políticos que há mais tempo está no poder em África.
Apesar de reconhecer que, no contexto actual, parece não haver em Angola um político credível que o possa substituir mantendo a unidade nacional (política, económica e, principalmente, militar) é desejável que Eduardo dos Santos não se recandidate às próximas eleições presidenciais e se mantenha – independentemente de todas as críticas, justas ou não, o eleitorado no próximo ano o dirá – como uma espécie de reserva moral do país – isto caso seja possível...

segunda-feira, setembro 19, 2005

Lisboa merecia mais

Olhando com atenção para a disputa eleitoral que se vem travando pela conquista da Câmara Municipal de Lisboa - e que seguramente aumentará de tom nos próximos tempos - assistimos a quê?
A um candidato socialista - Manuel Maria Carrilho - que se propõe "mudar Lisboa", criando um jardim em cada bairro e dando prioridade aos residentes nos estacionamentos. De resto, não se vislumbra outra ideia concreta que vise resolver ou atenuar os problemas com que diariamente os lisboetas se debatem.
Carmona Rodrigues assegura pretender "dar a cara" pela continuidade do trabalho encetado por Pedro Santana Lopes, ou seja, ausência de planeamento, ostracização de conceitos de reordenamento em prol do esbanjamento, das obras megalómanas e da preponderância da forma sobre o conteúdo.
Restam os candidatos apoiados pelos pequenos partidos, com algumas propostas válidas e uma ideia de cidade aceitável, mas sem a força eleitoral indispensável para fazerem vingar os seus manifestos.
Os debates a que assistimos são praticamente estéreis, decorrentes de candidatos vazios de ideias. É pena, porque Lisboa merecia mais.... bem mais.

sexta-feira, setembro 16, 2005

A teoria do Garfield



quinta-feira, setembro 15, 2005

Comece uma revolução na sua família...

Miriam Weinstein, jornalista de profissão, escreve:
"What if I told you that there was a magic bullet - something that would improve the quality of your daily life, your children's chances of success in the world, your family's health, our values as a society? Something that is inexpensive, simple to produce and within the reach of pretty much anyone?" Para descobrir ao que ela se refere, clique aqui.

quarta-feira, setembro 14, 2005

O poema favorito da classe política...

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...
Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.
Quanto é melhor, quanto há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!
Grande é a poesia,
a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.
O mais que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

terça-feira, setembro 13, 2005

Arthur Koestler


Parece que Arthur Koestler (1905 - 1983) nasceu há cem anos. Digo "parece" porque, a julgar pelo jornalismo "cultural" que nos servem, Koestler praticamente não existiu. Foi uma figura apagada quando, ao invés, foi incontornável como jornalista, escritor, político activista e filósofo. Bem sei que, nos últimos anos da sua vida (faleceu em 1983), Koestler entregou-se a meditações científicas e mesmo para-científicas que não entusiasmaram um grande público.
Mas a sua obra-prima Darkeness at Noon deixou pouca gente indiferente. Publicado corajosamente em 1940, este livro é um notável documento sobre o terror estalinista que , na década de 30, começou a vitimar um grande número de pessoas.
Relembro agora: a história de Rubashov, um antigo líder do Partido que, embora sem nunca renunciar à alegada nobreza da utopia (um pormenor geralmente ignorado pelas brigadas à direita), comete o crime - moral, gramatical - de começar a pensar na primeira pessoa. Esta sua afirmação torna-se o princípio da sua desgraça.
Para alguns críticos, Koestler não se limitou a escrever um impressivo romance, ajustando contas com o seu próprio afastamento partidário que, aliás, se tornou irreversível com o pacto germano - soviético. Koestler inaugurou, ou melhor, precipitou através dos seus escritos a chamada Guerra Fria. Como se lê e relê em duas das passagens mais notáveis do livro (os confrontos com Ivanov, seu colega de geração e inquisidor no cárcere e com Gletkin, que acabará por ser o seu carrasco), Koestler oferece uma preciosa visão sobre a cabeça totalitária que é preenchida (ou não) por uma total ausência de crítica e de autocrítica e pela crença irracional na legitimidade dos meios para a prossecução infalível dos fins.
Na verdade, este é um clássico a não perder na nossa contemporaneidade.

segunda-feira, setembro 12, 2005

Regresso às aulas

Procura-se uma escola que seja uma comunidade relacional activa, eficaz na promoção do crescimento intelectual, afectivo e social. Procura-se um espaço humanístico, de reciprocidade. Na verdade, procuram-se soluções para formar indivíduos inteligentes, felizes e saudáveis, no fundo, aquilo que parece ser o maior bem da realização social.
O regresso às aulas é um tempo de expectativa, mas é também um tempo de optimismo, de ânimo, de renovação da esperança no futuro.
É um tempo de sonho...

sexta-feira, setembro 09, 2005

O amor segundo Kierkegaard

A assinalar os 150 anos da morte do filósofo dinamarquês Kierkegaard (1813 - 1855), saiu recentemente uma nova edição de In Vino Veritas. Trata-se da primeira das três partes da obra Estádios no caminho da vida, uma espécie de teatro filosófico em que Kierkegaard dá voz a várias personagens, com o objectivo de encenar os diferentes modos de existência correspondentes às três etapas da vida: o estádio estético, o ético e o religioso.
Kierkegaard assinou cada uma dessas partes com pseudónimos diferentes, constatando-se uma importância da experimentação e da multiplicidade enquanto constitutivas do acto de pensar, verificando-se assim que dentro de um mesmo estádio, as possibilidades são múltiplas. De tal modo que, no final de um banquete em que se discutem impressões acerca do amor e da mulher, parece não haver síntese possível. De facto, Kierkeggard parece reenviar-nos para esta mesma ideia quando fala do amor. O amor é risível, se pensarmos que todos o procuram sem que nunca se chegue a explicitar o que o suscita, é uma experiência cómica, mas também uma experiência trágica.
Ao pôr em cena cinco personagens com diversas visões da experiência do amor e da figura da mulher, Kiekegaard parece sugerir que não subscreve inteiramente nenhum dos discursos. Porém, resta saber se, salvaguardar-se por detrás de uma série de máscaras não foi a solução que o filósofo dinamarquês encontrou para endereçar uma carta aberta.
A figura de Kierkegaard é, neste livro, de um ausente sempre presente. Ele não se encontra no mesmo estádio em que ainda vivem as suas personagens, transmitindo a ideia de que o amor é algo de que se guarda uma recordação, pois o recordar é algo poético e tem um carácter eterno.

quinta-feira, setembro 08, 2005

A implosão de Tróia

As torres da Torralta, na península de Tróia, vão ser destruídas daqui a poucos minutos com recurso à implosão. Torres que despertam vários sentimentos... para uns, estas torres personificam um sonho inacabado, para outros algo que começou torto e que nunca se endireitou. E daqui a pouco, em três meros segundos, cairão de vez as memórias de um empreendimento que agitou em tempos idos os verões de milhares de pessoas. Ficam os fantasmas e os arrepios de quem por lá passou nos últimos anos e vislumbrou o abandono, a falência e a decadência, por entre o desenvolvimento de uma colónia de morcegos, ironicamente comentado por alguns como o mais importante contributo da Torralta para a região.
Do que aí vem espera-se que, no mínimo, respeite o enquadramento paisagístico e ecológico de uma das zonas mais bonitas do País, entre o estuário do rio Sado e o Oceano Atlântico. Sem dúvida que seria um bom princípio para o arrojado projecto do grupo liderado por Belmiro de Azevedo.

quarta-feira, setembro 07, 2005

Conversa no café

Hoje não me foi indiferente uma conversa que se desenrolou num café em pleno centro de Lisboa, para quem quisesse ouvir, entre dois indivíduos que discutiam a causa de tanto pessimismo português.
Ambos levantaram várias possibilidades que podiam estar na origem do pessimismo luso, entre as quais o déficit, o desemprego, a diminuição do poder de compra e a falta de compromisso dos políticos, chegando à conclusão que tudo somado causava um mal - estar que já não podia ser disfarçado e que se traduzia numa visão negativa da realidade.
Ponto final, assunto arrumado, cafés bebidos e pagos.
Ao saírem, o empregado que estava ao serviço no balcão, a quem esta conversa não passava despercebida, desabafa claramente num tom impotente perante algo que o transcendia:
«o que me preocupa não são os sacrifícios que tenho de fazer, mas a ideia de que apesar deles tudo vai continuar na mesma».
Numa simples frase, o empregado ao balcão tinha tocado na ferida.
Talvez seja nesta ideia de que tudo vai continuar na mesma que reside o verdadeiro drama nacional, sendo nela que se fundamenta a descrença, que radica o encolher de ombros e onde se encontra o verdadeiro motivo do pessimismo português.

terça-feira, setembro 06, 2005

E tudo o Katrina levou...

Apenas três semanas depois do tsunami que vitimou mais de 200 mil pessoas no sul e sudeste asiático, o mundo parecia ter chegado finalmente à conclusão de que era urgente criar um sistema de alerta geral contra catástrofes naturais. Por esta razão, no âmbito da Conferência Internacional da ONU sobre a Redução de Catástrofes Naturais, técnicos, especialistas e políticos reunidos em Kobe, no Japão, acordaram criar um plano global para a prevenção de acidentes provocados pela natureza, que inclui sistemas de aviso de acidentes como cheias, incêndios florestais, tufões, furacões, erupções vulcânicas, deslizamento de terras e tsunami.
É extremamente importante dotar as comunidades de recursos de aviso prévio, à escala global, que terão um papel fulcral na preservação da qualidade de vida das populações em risco.
Tal não se passou com eficácia em Nova Orleães, onde o furacão Katrina destruiu a cidade americana sem contemplações. A contabilidade dos estragos começa a ser feita no terreno e são inimagináveis os cenários de destruição nos Estados afectados. A própria Cruz Vermelha já avisou que terá de realizar a maior operação humanitária de sempre em solo norte - americano para remendar os estragos deixados pelo Katrina.
O mundo pareceu adormecer após a experiência no sul e sudeste asiático, revelando-se inoperante face a outra força da natureza. Para o caso norte - americano procuram-se e exigem-se respostas que expliquem a inércia desta superpotência, o tardio arraque dos meios de prevenção e de salvamento que podem agora amenizar esta tragédia.
No seguimento dos acontecimentos, pode ler-se aqui uma interessante reflexão de como os conservadores falharam, decepcionaram Nova Orleães.

segunda-feira, setembro 05, 2005

Notas soltas sobre o Verão

Terminou o mês de Agosto, escolhido pela grande maioria dos portugueses para "recarregar baterias" que lhes permitem enfrentar o resto do ano. A rentrée em todos os sectores da vida pública e privada faz-se com naturalidade, num ritmo próprio de quem agora reinicia o seu percurso, numa aparente normalidade e continuidade.
O Verão, esse quase que já lá vai... o estar sentado numa esplanada solarenga, a discutir "aquilo" ou a "situação X", apenas porque sim, entre gargalhadas sinceras e sorrisos fugazes, as deambulações sem desabafos, o sol, a cor, os sorrisos, a praia, o tempo interminável de ocium, deixa no ar um tom nostálgico para quem gosta do Verão, que ao findar, se transforma num estado de espírito que agora me é comum, e a todos os dias de sol.