Alguns Pensamentos...

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quarta-feira, maio 30, 2007

Portugal vai à luta em greve geral


quinta-feira, maio 24, 2007

Momento estruturante: notas sobre a esperança

A esperança no futuro absoluto de Deus, salvação escatológica, que é o próprio Deus absoluto, não é a legitimação de um conservadorismo que, tudo cristalizando, prefere timidamente a segurança do presente a um futuro desconhecido; a esperança não é o «ópio do povo» que repousa tranquilo na situação presente, mesmo quando esta é dolorosa; é assim a autorização e o projecto de uma saída confiante, e sempre renovada, do presente para o futuro.

quarta-feira, maio 23, 2007

Palavras de consolação

«De manêras qu´é assim a vida...»

domingo, maio 20, 2007

Nada é mais importante do que...

...passar tempo com as pessoas.

sexta-feira, maio 18, 2007

O galo cantou três vezes?

Entre os anos 70 e 80 do século passado foram feitas descobertas religiosas (e científicas) de relevo: o Evangelho de Judas, um dos evangelhos apócrifos supostamente escritos por gnósticos em copta, utilizando o papiro, e autenticado com data entre os século III e IV, e um túmulo agora declarado como pertencendo à família de Jesus Cristo, com quatro sugestivas palavras: Jesus, filho de José.
Em Abril de 2006 o Evangelho de Judas é publicado pela conceituada National Geographic e, em data mais recente, os portugueses à imagem e semelhança dos restantes vizinhos do planeta, viram a televisão mostrar ao mundo o túmulo da família mais sagrada e polémica da História, apoiada por opiniões de reputados especialistas, corroboradas por análises do ADN e do carbono 14. Em síntese, afirmam a veracidade da correspondência da data em que o documento e o túmulo existiram, com as datas em que actualmente se considera que as pessoas em causa viveram. A ciência coloca-se ao serviço da religião, mas acima de tudo e sempre, ao serviço da verdade dos factos, se não, veja-se o famoso Sudário de Turim cuja veracidade não é reconhecida universalmente dado se suspeitar que os resultados dos testes de carbono 14 podem ter sido alterados por causas externas.
Se Judas protagonizou aquele que é considerado como o mais famoso beijo da História, consubstanciando a traição a Cristo ou se o mesmo Cristo constituiu família com Maria Madalena ou outra pessoa, se teve um filho de nome Judas, não está aqui em discussão. Pretende-se apenas chamar a atenção para o facto de cada vez mais ser difícil dissociar factos de fé (se assim lhe podemos chamar) de conhecimento científico.
A época pascal, recentemente vivida, continuou a ser testemunha de enormes actos de fé e sacrifício físico como pagamento de promessas com crucificações e auto-flagelos, o que demostra a vivência da fé profunda da população em países como as Filipinas ou o México. Porém, cada vez mais para outros públicos a evidência científica exerce um peso necessário e imprescindível para uma espécie de nova (e contraditória?) forma de fé: a Confirmação. Esta Confirmação, obtida de forma científica por “doutores da ciência” não altera a fé dos “doutores da Igreja”, antes pelo contrário, alarga-a e sustenta-a.
Mas não se pense que os aparatos tecnológicos servem só grandes causas com recursos a laboratórios e testes complicados. Veja-se o exemplo do pároco José Alves da diocese de Leiria, mais concretamente de Monte Real que, na pretensão de alargar e fidelizar a comunidade paroquial, adaptou um sistema de karaoke à celebração do culto de forma a que os fiéis se sintam mais incentivados e, através do som e da imagem mostrassem mais entusiasmo nos cânticos e na prática religiosa em geral. A bem da verdade, não se pode deixar de concordar que a maior conquista da humanidade não é tanto a revolução da tecnologia mas sim a evolução da criatividade.

segunda-feira, maio 14, 2007

Papá Estado

A nova lei contra o tabaco enferma de um erro de base: ao contrário de defender os direitos dos não fumadores, parece ter como único objectivo penalizar os fumadores.
A diferença pode parecer subtil, mas não é. Uma lei feita com o espírito de proteger do fumo passivo aqueles que não fumam é, necessariamente, diferente de uma lei que visa punir os que fumam. A primeira, na defesa da liberdade dos não fumadores, limita a liberdade dos fumadores dentro do saudável princípio de que a liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros; a segunda lei retira, pura e simplesmente, a liberdade aos fumadores.
Como pessoalmente não fumo (ao que parece como 70% da população portuguesa) poder-me-ia ser indiferente o grau de repressão que o Estado exerce sobre os fumadores. Mas não é. Não só por princípio geral, mas também pelo facto de existirem argumentos utilizados no combate ao tabagismo que me preocupam. Entre esses argumentos está um que, sendo utilizado inúmeras vezes, parece, à primeira vista, um bom argumento: que o tabaco mata muita gente e é responsável por uma enorme despesa do Serviço Nacional de Saúde. Aparentemente, esta é, até, uma das razões que leva o Estado a ser tão ríspido contra o tabaco.
A minha preocupação advém de que com este argumento, o Estado pode sentir-se apto a legislar sobre as nossas vidas: desde o consumo de sal, ao consumo de gorduras, de vegetais e sabe-se lá mais o quê. Dito de outro modo, se o Estado parte do princípio de que é como um pai para cada um de nós, dando de barato que quer o nosso bem e a nossa saúde, sentindo-se legitimado, até, para decidir a que horas nos devemos deitar, porque, já se sabe, as noitadas fazem-nos mal à saúde... Bem sei que o argumento é ridiculamente exagerado, mas destina-se apenas a chamar a atenção para o seguinte "pormenor": não somos filhos do Governo, nem do Estado.
Por isso, a legislação sobre o tabaco, longe de reprimir os fumadores, devia equilibrar os seus direitos com os dos não fumadores. Isso significaria uma abordagem diferente, desde logo terminando com a ideia bizarra de o Estado "apoiar os que querem deixar de fumar" e permitir que espaços como restaurantes e bares tenham sobre o fumo as regras que entenderem.

sexta-feira, maio 11, 2007

Lembrar ao mundo um papel insubstituível...

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.
Tudo porque já não sou
o retrato adormecido
no fundo dos teus olhos.
Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!
Olha – queres ouvir-me? –às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;
ainda ouço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal...
Mas – tu sabes – a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Eugénio de Andrade
Os Amantes sem Dinheiro (1950)

quinta-feira, maio 10, 2007

Dará aulas de finanças públicas?

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terça-feira, maio 08, 2007

Coincidência na orientação...

segunda-feira, maio 07, 2007

O tempo passa...

Estava praticamente a desligar o computador e os olhos, mas lembrei-me: este blog escreveu dois anos de idade.
Depositei pela primeira vez palavras aqui num dia que se estendeu dois metros para uma paciência de metro e meio.
Gritei pela ponta dos dedos uma inscrição no Blogger, para sussurrar um texto. E assim, começou... sem que os olhos se apercebam, escrevo hoje, e sempre, para esvaziar palavras que dormem mal, adormeçendo-as aqui. Restos de letras mal acabadas que achei desperdício.
Só escrever. E saber-vos a ler. Muito obrigado a todos os que aqui embalam os olhos.
Espero ter letras que cheguem para mais um ano. Por agora entrem, e sentem-se à vontade...

sexta-feira, maio 04, 2007

2 meses depois

Hoje fui buscar um computador Acer que estava para arranjar há já dois meses.
Chego, e sento-me.
Sento-o à minha frente.
Sala morna à força de aquecimento.
"Power".
Ecrã azul do desktop.
E a mensagem: "Please turn off your computer immediately and then restart".
Assim sim, vale a pena...

quinta-feira, maio 03, 2007

Estrela da Tarde

A letra é de José Carlos Ary dos Santos, e a voz, emprestada por Carlos do Carmo. Mais do que um poema a rasgar os limites do bonito, é muito, muito mais que isso. Faz parte do lote de músicas que me faz dar mais uma volta ao quarteirão antes de estacionar o carro no fim de semana, só para chegar ao fim com ela.
E reza assim:
Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amor
Minha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Se tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amor
Eu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

quarta-feira, maio 02, 2007

Gosto de sossegar como verbo transitivo

Sossegar não é descansar- não é uma consequência do cansaço.
Quando Rebelo da Silva, citado por Moraes, que por sua vez cita o dicionário de Freire, diz: "O coração não sossega, a vida cansa", ambas as coisas são verdadeiras, mas a associação é enganadora, porque o coração não sossega por causa de a vida cansar.
Há cansaços bons. Não. O coração não sossega, porque não tem com que sossegar. Quando aparece um amigo sem avisar, interrompendo tudo o que se tencionava fazer, sossega-se. Quando se está a lutar contra a injustiça, com todas as forças que se tem, sossega-se. Quando se lê um poema ou uma história bonita, por muito triste que seja, sossega-se. Quando se acredita em Deus. Isso, sim, é sossegar.
Gosto de "sossegar" como verbo transitivo. Sossegar só por si não chega. É mais bonito sossegar alguém. Quando se pede "Sossega o meu coração", e se consegue sossegar.
Quando se sai, quando se faz um esforço para sossegar alguém. E não é adormecendo ou tranquilizando, em jeito de médico a dar um sedativo, que se sossega uma pessoa.
É enchendo-lhe a alma de amor, confiança, alegria, esperança e tudo o mais que é presente a tornar-se, de repente, futuro... é o futuro que sossega. "Amanhã vamos passear", sossega mais que "Não te preocupes" ou "Deixa lá, que eu trato disso".

terça-feira, maio 01, 2007

Túnel do Marquês