Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, outubro 26, 2007

Pois, pois...

Ouvi o secretário regional da Saúde da Madeira, Francisco Ramos, assegurar aos microfones da TSF que não há abortos no arquipélago. Confesso que me veio imediatamente à cabeça as palavras do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad que, em Nova Iorque, garantia ao auditório da Universidade de Columbia que não existiam homossexuais no Irão. Pois é. Não há abortos na Madeira, como não existem homossexuais no Irão.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Fiscalizações

Nas últimas semanas têm-se avolumado as notícias relativas a intervenções sistemáticas da ASAE, poderoso e fundamental organismo administrativo de fiscalização das actividades alimentares e económicas em geral que tem vindo a mostrar, em muitos casos e para bem de todos nós, o pior que o país tem.
Discotecas, bares, cantinas de escolas e refeitórios de hospitais, épocas de saldos e estratégias de contrafacção, têm estado na mira das brigadas de inspectores, causando o pânico nos proprietários e concessionários que pelos mais variados motivos não cumprem a cartilha das boas práticas da adequada prestação de serviços a clientes e utilizadores em geral.
Odiados por uns, suportados por outros, estes profissionais da verificação lá vão desmantelando as muitas fragilidades que por ai andam. Num estado de direito é essencial nivelar a qualidade de serviços, seja por motivos de elementar concorrência face àqueles que cumprem, seja pela necessidade intransigente de zelar pelo bem comum dos consumidores.
Numa primeira análise, pode concluir-se que apesar de nem sempre bem, Portugal parece estar, de facto, em fase de mudança e, muitas vezes, ao arrepio destas lógicas de qualidade de serviço são até compreensíveis as atitudes de estupefacção dos comerciantes e proprietários que, habituados a uma cultura laxista e permissiva, prefeririam gerir o negócio de acordo com os interesses que a cada momento se afiguravam mais oportunos.
Por outro lado, apesar desta espécie de "operação mãos limpas", cumpre não esquecer que é pouco adequado enveredar exclusivamente por uma cultura propensa acima de tudo para a detecção do erro, sempre apta a penalizar a carteira e a imagem, destituída de uma filosofia de acompanhamento, de cariz genuinamente propedêutico, de verdadeiro aconselhamento dos erros a evitar no futuro.
A promoção da cultura do bem-fazer não pode ser simplesmente imposta por decreto e, a prova disso, são as muitas campanhas de prevenção que têm dado frutos em áreas de particular sensibilidade social, tais como as relativas à prevenção rodoviária.
Parece-me que não deverá ser menos evidente que, num estado de direito, o próprio regulador não pode deixar de ser fiscalizado, por isso, estou certo que as estruturas da própria ASAE são as primeiras a ser fiscalizadas...

segunda-feira, outubro 22, 2007

Um percurso turbulento


quinta-feira, outubro 18, 2007

A educação em questão

Ao iniciar uma (outra) aventura universitária, constatei que o panorama da educação permanece, no seu conjunto, igual a si próprio. Quero com isto dizer que mesmo quando se deram modificações, elas guardaram um carácter pontual. As estruturas institucionais e metodológicas mantiveram-se, no seu essencial, imutáveis.
O sistema educativo está ainda fortemente dominado por uma espécie de selecção. O modelo escolar tradicional, com o seu cortejo de lições e deveres, exames e diplomas, eleitos e rejeitados, promoção dos mais brilhantes e marginalização dos menos dotados, permanece intocável, quaisquer que sejam os sistemas políticos ou os níveis de desenvolvimento social.
A educação é ainda o domínio da hierarquia, da divisão do saber e da uniformização dos modelos. Em vez de serem as formas de educação a adaptarem-se ao estudante, tendo em conta as suas diferenças e particularidades, é o contrário que se produz, com resultados bem conhecidos.
Face a esta situação, que escolhas se apresentam àqueles que pretendem continuar a lutar por uma nova perspectiva de educação?

segunda-feira, outubro 15, 2007

Viajar...fuga ou valorização?

A época de férias mais uma vez apelou a longes terras. E o velho romeiro que existe em nós, ávido de novidade, impele-nos para o desconhecido; e aí vamos nós, por vários e curiosos caminhos, à procura do que nos chama. E chamam-nos as maravilhas da natureza, as grandes sociedades ou os pequenos lugarejos, perdidos aqui e além, pinceladas de épocas diferentes que o tempo se esqueceu de destruir e, sobretudo, chamam-nos os segredos de outros costumes, outras tradições, outras gentes. Para muitos, viajar significa fugir à monotonia do quotidiano, libertar-se de peias, de jugos, de códigos de moral e de direito. Quebra-se a disciplina habitual e a personalidade reduz-se quase a um primarismo elementar de instintos e de reacções desordenadas. Para quase todos, viajar significa evadir-se de preocupações e de responsabilidades. Se é certo que deve haver da parte de quem viaja uma adaptação ao modo de viver e de pensar dos naturais da região de que se visita, essa adaptação não significa que se seja, por exemplo, totalmente francês entre os franceses ou cabo-verdeano entre os cabo-verdeanos. Dito de outro modo, se o nosso espírito tiver aquela maleabilidade que não compromete uma certa firmeza de princípios, o contacto com novas terras e novas gentes há-de produzir em nós um salutar choque psicológico. E esse choque faz-nos pensar que são poucos os instrumentos de cultura tão ricos como as viagens que só alargam e aprofundam a cultura na medida em que, em nós, se realiza um processo de amadurecimento das impressões recolhidas.

quinta-feira, outubro 04, 2007

Parabéns Lobos!