Alguns Pensamentos...

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quarta-feira, maio 31, 2006

O clima na Terra

A temperatura da Terra, com o rápido aquecimento global dos últimos trinta anos, está agora a passar pelo nível de temperatura mais elevado do Holocénico, o período de clima relativamente estável que existe há mais de 10 mil anos. A subida de temperatura em um grau Celsius tornará a Terra mais quente do que foi no último milhão de anos.
A atitude de alheamento perante as emissões de CO2 produzidas pelos combustíveis fósseis, que na última década aumentaram 2 % ao ano, será responsável por um aquecimento adicional de 2 a 3 graus Celsius neste século. Tão drástico aumento implicará mudanças que praticamente darão origem a um planeta diferente.
O clima da Terra está quase a atingir, mas ainda não ultrapassou, um ponto de viragem além do qual será impossível evitar alterações climáticas de longo alcance e de consequências indesejáveis. Estas alterações compreendem não apenas a perda do Árctico como nós o conhecemos, com tudo o que isso implica para a vida selvagem e para as populações indígenas, mas também prejuízos em muito maior escala devido à subida do nível dos mares em todo mundo.
Este cenário sombrio provocado pelo alheamento perante as alterações climáticas pode ser evitado se o aumento das emissões de gás estufa for reduzido no primeiro quartel deste século. O objectivo de manter a subida do aquecimento global inferior a 1 grau para evitar o ponto de viragem requer dois factores: primeiro nivelar e depois diminuir a taxa de crescimento das emissões de CO2, principalmente através de uma maior eficiência energética e, em segundo, diminuir as emissões de gases não CO2 que também afectam o aquecimento, particularmente o metano e o monóxido de carbono, e portanto o ozono da troposfera, bem como aerossóis e fuligem.
Estas acções têm de ser imediatas. Caso contrário, as infra-estruturas produtoras de CO2 que podem ser construídas na próxima década tornarão impraticável manter a subida do aquecimento global inferior a 1 grau Celsius. A maior preocupação relaciona-se com o grande número de centrais eléctricas alimentadas a carvão que a China, os Estados Unidos e a Índia projectam construir sem sequestração de CO2 (um processo segundo o qual o CO2 é separado da energia produzida e armazenado no subsolo).

terça-feira, maio 30, 2006

Uma embaixada portuguesa?

segunda-feira, maio 29, 2006

Os oásis e os desertos

Portugal, a periferia da Europa, cresceu em vários sentidos desenfreadamente, tijolo sobre tijolo, sem tacto e a viver da relação entre a construção civil e a banca, resultando este percurso num convite ao abandono do Portugal interior. No fundo, o da periferia da periferia do Velho Continente.
A desertificação do território nacional personifica a realidade do passado vivida no presente. Ao traçar um roteiro para a inclusão, o agora Presidente da República pode dar um importante contributo para o País perceber para onde deve caminhar.
Fazendo um leve mea culpa, Cavaco Silva recusou a ideia de que o interior de Portugal se encontre condenado ao isolamento, renovando o apelo para que a sociedade civil se mobilize na luta contra a exclusão social. Mas para salvar o interior deve-se talvez começar por colocar ordem nos pontos de fuga das populações: as grandes cidades.
Face à conjuntura histórica, colocar um pé no travão e fazer aplicar efectivamente as leis e planos de ordenamento do território assemelha-se a desejar plantar um oásis no meio de um deserto. Se nada for feito, nas metrópoles e no litoral a selva continuará até nada mais não ser do que areia...

sexta-feira, maio 26, 2006

Ética e abuso

Venha o código de ética, “um código de conduta que impeça os menos sérios ou os mais desatinados entre as empresas de conselho em comunicação de fazerem promessas que não podem cumprir e que são eticamente reprováveis” – proclamava Luis Paixão Martins, em artigo publicado ontem no Público.
Mas desde quando é que um código de ética evitou que os menos sérios continuassem a praticar actos eticamente reprováveis? Sim, desde quando? Deontológica, teleológica ou fenomenológica, pouco importa, a ética emerge do foro íntimo e determina uma atitude ou pensamento próprio, na relação com o outro. Hume disse um dia que “nada é mais livre que a imaginação humana”.
O mesmo se poderia afirmar do pensamento. Na prática, todos têm o seu quadro axiológico, todos se reclamam dos mais nobres princípios, todos formam uma ideia de “bem”. Mas o “bem” pode adequar-se melhor ao próprio do que aos outros, ofendê-los até. Daí que, em caso de atropelo ou abuso, a comunidade reaja, censurando e punindo, com os meios legais que tem ao seu alcance. Uma coisa é certa: já de nada adiantaria recorrer à ética, pois o abuso é a melhor prova de que a dita não funcionou.

quinta-feira, maio 25, 2006

Novidade!!!

Graças a ti este blog finalmente tem links.
Muito Obrigado, Cláudia!

quarta-feira, maio 24, 2006

Expectativa em Timor

Timor-Leste não precisa de uma nova guerra civil, como a que sucedeu em 1975, colocando timorenses contra timorenses. Foi um período negro, no qual morreram dezenas de milhar de pessoas, abrindo depois caminho à ocupação da Indonésia e ao aumento do número de vítimas.
A frágil e jovem democracia de Timor Lorosae foi, no entanto, o exemplo moderno de como a ONU em certos momentos, mesmo com muitas hesitações e limitações, pode ter um papel determinante no mundo. Sete anos depois dos dramáticos eventos do Verão de 99, os timorenses retornaram no tempo a uma falácia inerente a tantos Estados, no momento em que as forças militares são desmobilizadas e entram na sociedade civil sem soluções e ocupação.
Resta saber se o bom senso de Xanana Gusmão e o poder de D. Basílio Nascimento chegam para – junto com as forças militares ou análogas enviadas por Portugal e pela Austrália - equilibrar no terreno a confiança de uma população desconfiada e receosa, a qual não foi sossegada pelo governo de Alkatiri e respectivas acções recentes, nomeadamente aquando do congresso da Fretilin.

terça-feira, maio 23, 2006

O destino dos Balcãs

O Montenegro declarou a sua independência da Sérvia. A questão dividiu a população e os pontos percentuais de vantagem para o «sim» parecem ser suficientes para garantir a paz social na zona mais sensível do Velho Continente. A diferença populacional em relação à Sérvia - o Montenegro tem uma população de 670 mil habitantes, o que corresponde a 15 vezes menos do que a Sérvia - era o principal obstáculo a uma coexistência na união estatal que tinha sido negociada há três anos pela União Europeia entre as duas províncias.
Para que a independência fosse validada era necessário que pelo menos 55% dos eleitores estivessem de acordo e houvesse uma taxa de participação de 50%. Uma vitória de 55,4% do «sim» à independência do Montenegro é suficiente para que a União Europeia reconheça o novo Estado.
Com este acto caminha-se, contudo, para a concretização do desmembramento da antiga Jugoslávia e as atenções viram-se agora, de novo, para o Kosovo; onde tudo começou e onde tudo parece vir a acabar, definindo o destino dos Balcãs.

segunda-feira, maio 22, 2006

Investimentos em África

Com vista à erradicação da pobreza em África, o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) assinou em Ouagadougou, Burkina Faso, 5 acordos de financiamento avaliados em cerca de 124, 4 milhões de dólares. Os cinco acordos destinam-se à realização do projecto de gestão duradoura de gado ruminante na generalidade da África Ocidental, a um projecto de intensificação de um perímetro irrigado no Mali, à reabilitação do sector agrícola e rural na Guiné Bissau, a um apoio institucional ao sector dos transportes na Serra Leoa e ao saneamento básico da capital Ganesa. O Mali vai receber cerca de 19,4 milhões para a implementação do projecto de intensificação do perímetro do arrozal irrigado de Baguinéda, na região de Koulikoro, a cerca de 30 quilómetros a nordeste capital, Bamako; este projecto inclui a formação de 15 mil camponeses, dos quais oito mil mulheres, a reabilitação e equipamento de cinco estações de pesquisa zootécnica, a criação de zonas reprodutivas para cerca de 200 manadas em diferentes aldeias e a reabilitação de matadouros e de mercados sub-regionais. À Guiné-Bissau foram doação cerca de 7,5 milhões destinados ao financiamento do Projecto de Reabilitação do Sector Agrícola e Rural (PRESAR); um projecto que visa reforçar a segurança alimentar, permitirá o aumento da produção de arroz e hortícola nas regiões do norte, leste e oeste. Com o Gana foi assinado uma convenção que doa cerca de 68 milhões para a construção de infra-estruturas de saneamento da capital, Accra; o projecto visa, primordialmente, (re)construir canais e zonas de drenagem das águas pluviais e construir na periferia da cidade as novas infra-estruturas públicas.
Por sua vez, a Serra Leoa rubricou com um acordo de financiamento de 3,4 milhões destinados a estudos que viabilizem a construção da estrada Matotoko-Sefadu, na região do leste. Finalmente, o BAD vai conceder um crédito de 26 milhões para apoiar um projecto de conservação da biodiversidade animal na África Ocidental, com especial destaque no Senegal, Gâmbia, Guiné Conarky e Mali.

quinta-feira, maio 18, 2006

O sustento da Coreia do Norte

De acordo com uma televisão japonesa, a Coreia do Norte está a preparar um lançamento (teste) de um míssil intercontinental com capacidade de atingir algumas regiões norte-americanas. Ainda assim, certos especialistas da área de estratégia duvidam dessa capacidade.
Os EUA mantêm com a Coreia do Norte uma política de auto-contenção verbal face, por exemplo, ao que se passa com o Irão e com os sul-coreanos.
A dúvida que se põe não está na eventual capacidade nuclear e militar da Coreia mas quem realmente a sustenta. Como é que um país em contínuo subdesenvolvimento económico, alimentar e produtivo pode exibir um tal poder militar e por que é que as potências ocidentais – Rússia incluída – continuam a nada obstar nem tentar dissuadir a criação deste cenário. Será por não ser, realmente, a Coreia do Norte a real potência nuclear mas uma terceira entidade, por acaso, um poderoso vizinho que a ajudou e a tem mantido desde a Crise de Coreia de 1950-1953, que teve o seu epílogo com um armistício garantido pelo paralelo 38?

quarta-feira, maio 17, 2006

O Brasil no purgatório?

São Paulo tem mais de vinte milhões de habitantes. Há estudos que dizem existir quatro milhões de jovens sem lar e a viver nas ruas. Dados indicam que menos de 20% da cidade tem saneamento básico e infraestruturas sanitárias. O metropolitano serve apenas cerca de 17% da população. Os criminosos ultrapassam os agentes da autoridade em número e meios. No entanto, o PIB da cidade e do Estado equipara-se ao da Holanda. Tem dos melhores hóteis, universidades, jornais, teatros, empresas, restaurantes, bolsas e museus do mundo.
Possui a riqueza extrema e vive a pobrema mínima. O Céu e o Inferno num país tropical. «...uma verdadeira Babel cultural, falada num único idioma», como um articulista brasileiro escreveu em tempos.
O problema do Brasil é não ter apenas uma São Paulo mas sim pelo menos uma meia-dúzia de grandes metrópoles e Estados com graus de violência e crime análogos: por exemplo, Recife, Cuiabá, Porto Velho, Vitória, Rio de Janeiro, Boa Vista, Macapá e mesmo Maceió.
Se entendermos como fenómenos as conjunturas que rodeiam ou rodearam recentemente cidades como Bagdad, sentimos que este é afinal um problema inerente a todos os países onde as armas circulam e o tráfico da droga marca o ritmo do dinheiro e do estilo de vida. É assim, para ar alguns exemplos, na Cidade do México, em Bogotá, em Los Angeles, em Joanesburgo, em Moscovo, em Buenos Aires, na Cidade da Guatemala e em São Salvador.
Clama-se agora por uma medida como a adoptada por Nova Iorque nos anos 90 e que conseguiu pelo menos limpar quase toda a totalidade de Manhattan e mudar a face aos cinco distritos da Big Apple. A questão é descobrir um Giuliani brasileiro que aceite a tarefa, motivando para essa mudança um povo que vive entre o medo e a dependência de um sistema corrupto e criminoso.
Em Portugal, estas realidades estão - à nossa escala - muito próximas...

terça-feira, maio 16, 2006

Directo ao assunto: O Código Da Vinci



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segunda-feira, maio 15, 2006

Gödel: matemático e lógico

Talvez seja o teorema mais incompreendido da história. Há livros inteiros dedicados a explicá-lo, mas as especulações infundadas abundam. Há quem diga que foi a descoberta que fez entrar a matemática no mundo pós-moderno e quem afirme que se trata de um resultado que mostra que jamais se podem obter certezas.
As confusões são tantas que Alan Sokal e Jean Bricmont, no seu «Imposturas Intelectuais» afirmam que constitui uma «fonte inesgotável de abusos» e citaram casos de conhecidos políticos e filósofos que fazem interpretações despropositadas desse célebre resultado. É um teorema difícil e importante que incide sobre os próprios fundamentos da matemática.
O seu criador foi um matemático e lógico de origem alemã. Chamava-se Kurt Gödel e nasceu em 28 de Abril de 1906, fez agora 100 anos. Veio ao mundo na cidade de Brno, hoje pertence à República Checa. Viveu e estudou em Viena e na altura da Guerra refugiou-se nos Estados Unidos. Naturalizou-se norte-americano e viveu até ao fim dos seus dias em Princeton, onde convivia quase diariamente com Albert Einstein. Já idoso, o grande físico dizia que, por vezes, apenas se dava ao trabalho de se deslocar ao seu escritório, no Instituto de Estudos Avançados, para ter o privilégio de caminhar de volta para casa conversando com Gödel.
O momento decisivo teve lugar em 1930 , data em que Kurt Gödel apresentou alguns resultados a que tinha chegado no decurso da sua investigação de doutoramento. Revelou ser possível encontrar proposições matemáticas verdadeiras que não eram demonstráveis no sistema formal da matemática. Dito de outra forma, mostrou ser impossível construir um sistema de pressupostos a partir do qual todas as verdades matemáticas seriam construídas. Não é a matemática que é incompleta nem as verdades matemáticas deixam de ser verdades. O que se revela impossível é capturar toda a matemática num conjunto fechado de axiomas e regras.

sexta-feira, maio 12, 2006

Político ou historiador?

O britânico Timothy Garton Ash parece não ter partido político e aconselha os seus colegas de métier por este mundo fora a manterem-se fora de qualquer filiação partidária.
O conselheiro de Blair e de Bush parece-se com aqueles árbitros de futebol que só se declaram adeptos de clubes de bairro para poderem ser nomeados para os jogos entre os grandes...

quinta-feira, maio 11, 2006

A crise no Ensino Superior privado



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quarta-feira, maio 10, 2006

Foi há doze anos...

... que o príncipe xhosa e prémio Nobel da Paz em 1993, Nelson Rolihlahla Mandela, era eleito como o primeiro presidente negro da República da África do Sul.
No dia 10 de Maio de 1994, caía o último bastião do apartheid.

terça-feira, maio 09, 2006

A América mais hispânica

A América hispânica fervilha no interior e no exterior dos EUA. O hino norte-americano já tem uma letra em castelhano cantada por manifestantes ao norte da fronteira e, como se sabe, não há língua oficial constitucional da União. A sul da fronteira, a pressão dos emigrantes mexicanos para entrar em território americano é enorme.
Na América Latina sucedem-se os regimes radicais em países como, por exemplo, o de Hugo Chávez na Venezuela e agora o de Morales na Bolívia. Fidel Castro e Lula da Silva devem observar estas alterações das relações inter-americanas com espanto sem saber se poderão continuar aquietados...

segunda-feira, maio 08, 2006

Um rico comunista...

A lista dos «governantes» milionários da «Forbes» coloca Fidel Castro como o sétimo líder de um dos países mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em 900 milhões de dólares, o equivalente, ao câmbio actual, a 709 milhões de euros.
O primeiro é o saudita Abdullah Bin Abdulaziz.

sexta-feira, maio 05, 2006

Momento estruturante

quinta-feira, maio 04, 2006

O poder de sedução é quase nulo

O estudo «O Poder de Sedução de Portugal», que visa dar a conhecer o nível de envolvimento dos portugueses com Portugal permitiu concluir que 85% da população portuguesa residente em Portugal continental não está «envolvida» com o país.
No entanto, os portugueses não optam pela emigração devido ao custo da saída e às dificuldades de mobilidade da família e do emprego segundo indica um estudo da TNS Portugal, líder mundial em estudos de mercado sobre o consumidor. O estudo baseou-se em 800 entrevistas a portugueses residentes no continente, a 250 portugueses residentes em França e outros 250 com morada em Espanha, dos 18 aos 60 anos. Nas entrevistas, 42% dos portugueses declaram-se pessimistas face ao futuro sendo, de todos os residentes no conjunto dos 25 países da União Europeia, os mais pessimistas.
Parece que Portugal é um país mais atractivo para os portugueses não residentes, do que para os residentes que parecem mais alheados do país.

quarta-feira, maio 03, 2006

A nova lei da nacionalidade

A nova lei da nacionalidade vem facilitar a aquisição da nacionalidade portuguesa aos descendentes, nascidos em Portugal, dos imigrantes com origem nos PALOP, que nos últimos trinta anos ali procuraram um país de acolhimento. A naturalização passa também a ser acessível aos que, nascidos em território português, têm pais em situação ilegal, desde que completem o 1.º ciclo no país ou tenham ali vivido habitualmente nos últimos 10 anos. Mas se os filhos se naturalizam, o que acontece aos pais ainda irregulares?
A história da legalização está repleta de lacunas, de erros, de desencontros, de incompreensões, da parte dos imigrantes mas também, da parte da administração portuguesa.
Da parte da administração portuguesa, o excesso de burocracia, a complexidade e a instabilidade legislativa de tendência restritiva e, por outro lado, a ineficiência da fiscalização do trabalho e a consequente impunidade dos empregadores de mão-de-obra ilegal, barata e descartável.
Do lado dos imigrantes, a desvalorização das formalidades burocráticas, pelo menos até meados da década de 90, e o difícil diálogo com a kafkiana máquina administrativa das embaixadas, do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), da Segurança Social e da Inspecção-Geral do Trabalho. Afinal, o que fazer quando nos registos do SEF consta que se entrou em Portugal em 1993, quando se entrou em 1976 e os documentos o provam? O que fazer quando o SEF, ao aceitar de uma mãe um pedido de autorização de residência, ao abrigo do reagrupamento familiar, para um menor, estudante, lhe diz para aguardar, mas os anos passam, o filho torna-se maior, e na ausência de resposta acaba por ficar ilegal?
Neste quadro, é necessário o reconhecimento das situações de facto, como o nascimento e os anos de vida e de trabalho em Portugal, em detrimento da valorização dos títulos legais possuídos. A nova lei vai nesse sentido ao esbater diferenças entre os títulos legais de residência (por exemplo, entre autorização de permanência e autorização de residência) para efeitos de naturalização e ao permitir a naturalização dos filhos de ilegais sob determinadas condições.
Mas ainda seria preciso permitir a naturalização de todos os que aqui residem e trabalham há pelo menos seis anos (o prazo para quem tem residência legal) mas que, independentemente do porquê, permanecem na clandestinidade. Se aqui estão e trabalham é porque se lhes deu trabalho e esse trabalho aproveitou ao país.
Não tenhamos ilusões, travar os fluxos de imigração clandestina faz-se impedindo a oferta de trabalho clandestino através da fiscalização do trabalho e não com leis de imigração...

terça-feira, maio 02, 2006

A crise no Sudão



Darfur, região que ocupa grande parte do oeste do território sudanês, assiste desde Fevereiro de 2003 a um conflito que opõe as milícias árabes Janjaweed, apoiadas pelo governo de Cartum, aos movimentos rebeldes do Exército de Libertação do Sudão (SLA) e do Movimento para a Justiça e Igualdade (JEM), que lutam por uma maior participação da região nas estruturas centrais do poder político e económico.
Os massacres da população civil, assumindo por várias vezes um cariz étnico, são a face mais visível de um conflito que é, nas suas causas, eminentemente político. Com efeito, apesar de ser um conflito distinto daquele que desde 1983 opõe o Norte, na sua maioria árabe e muçulmano, ao Sul, de população negra, cristã e animista, Darfur é mais um capítulo da mesma história.

segunda-feira, maio 01, 2006

A comunidade ortodoxa em Cuba

Caridad Diego, dirigente da Secção para Questões Religiosas do Comité Central do Partido Comunista de Cuba, foi a Moscovo anunciar que as autoridades do seu país apoiam a construção de um templo ortodoxo russo em Havana.
Segundo a alta funcionária cubana, a decisão de edificar o templo foi tomada há dois anos atrás, mas, mais recentemente, Fidel Castro, num encontro com Kirill, clérigo que dirige as Relações Internacionais da Igreja Ortodoxa Russa, foi decidido não só construir um templo para os cubanos ortodoxos, mas uma grande basílica onde se realizasse a preparação de sacerdotes ortodoxos não só para Cuba, mas também para a Bacia das Caraíbas e da América Latina.
Nos últimos anos, assistiu-se a um crescimento substancial da comunidade ortodoxa em Cuba, constituída por vários milhares de pessoas.