Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, julho 28, 2006

A tragédia no Médio Oriente

Um «argumento» dos apoiantes de Israel na guerra do Líbano, contra os seus críticos, é o de que quem não está com Telavive está com o Hezbollah. «Se não estás connosco, estás com o outro lado» - , uma versão semelhante à de Bush, quando, na véspera da invasão do Iraque, clamava que quem não estava com Washington, estava com «eles», querendo dizer Saddam Hussein.
O argumento, em si mesmo, não passa de uma óbvia mistificação retórica, destinada apenas a legitimar, sem censura, os erros e excessos belicosos nesta guerra que assola o Médio Oriente. Por mim, se existe algo que abomino, desde sempre, são os regimes e os movimentos políticos fundamentalistas, como o regime iraniano e o Hezbollah.
Aliás, a razão por que Israel não convence muita gente só tem a ver com o Hezbollah na medida em que a sua resposta à provocação deste, com o massacre indiscriminado de infra-estruturas e de civis inocentes no Líbano, só veio aumentar as razões de queixa e de ódio antijudaico entre as massas árabes, inclusivé no Líbano, sentimentos que ampliam os apoios do Hezbollah e dos movimentos radicais islâmicos. Não esquecer que foi a prolongada ocupação israelita do Líbano que criou o Hezbollah; agora, com o novo ataque destrutivo ao Líbano, Israel está a entregar ao Hezbollah o protagonismo de todos os agravos árabes contra o Estado judaico, incluindo na questão palestinina. O que é uma tragédia, tanto para os palestinianos como para Israel.

quinta-feira, julho 27, 2006

Rumo a Bizâncio

Os reis de Portugal concederam mercês até muito tarde; inclusivé Filipe II de Espanha entrou em Portugal erguendo bem alto o pendão das graças que iria distribuir pela nobreza, ainda antes do Duque de Alba ter ido até Alcântara e de se reunirem as Cortes em Tomar. Muitos dos nossos maiores foram agraciados com tenças régias publicadas em listas já na monarquia constitucional. Era discutível mas era transparente.
Agora os maiores ganhos não constam de nenhuma lista, estão dispersos por mil e uma interligações entre a sociedade civil e os defensores do Estado mínimo. Este, agora, à falta de dinheiro, quer redistribuir honrarias sem aumento da despesa numa longa lista protocolar com 58 graus de precedência para alinhar em procissão algumas centenas de estadistas, uns poucos ex-estadistas e um putativo estadista em lista de espera para primeiro-ministro.
Se a isto juntarmos o estudo dos ossos de Afonso Henriques logo se percebe para onde caminhamos...para Bizâncio.

quarta-feira, julho 26, 2006

Disciplina de educação para o Parlamento?

Vejo na sondagem do Diário de Notícias que a carismática Ministra da Educação Maria de Lurdes Rodrigues, ainda há pouco tempo elogiada por tudo quanto era "autoridade" em Portugal desde Cavaco Silva a Marcelo Rebelo de Sousa, deu um valente trambolhão depois de ter ido à Assembleia da República explicar o caso da repetição dos exames.
Deixemos de lado o facto de ser uma injustiça os ministros da Educação passarem a vida a serem avaliados por causa dos exames dos alunos, e fixemo-nos no triste fado de poucos se darem bem com o parlamento: Marçal Grilo descreveu em páginas emocionadas e inesquecíveis os tormentos por que passou sempre que trocava a 5 de Outubro por S. Bento. A ministra da coligação PSD-PP,Maria João Seabra,confundia deputados e jornalistas.
É caso para propor uma disciplina de educação para o parlamento...

terça-feira, julho 25, 2006

Cartilha para o agir comum

Frei Bento Domingues, Público: «O diálogo é uma provocação, isto é, convoca-nos não só para escutar o outro, o diferente, mas para rever as nossas próprias convicções, que, ao longo do tempo, nos impediram de reco­nhecer a humanidade que nos falta, por nos termos fechado ao que há de mais genuíno nos outros, nas suas convicções, tradições e projectos. Não se dialoga quando se está, apenas, interessado em fazer a apologia das próprias convicções sem espaço para acolher as dos outros
Escutar o outro, respeitar a diferença, rever as nossas próprias convicções, ao invés de fazer apenas a sua apologia. Nada que assegure o caminho para a santidade. Mas que o mundo seria bem melhor se essa fosse a "cartilha" do nosso agir comum, lá isso seria.

segunda-feira, julho 24, 2006

Rússia e África

O Presidente russo, Vladimir Putin, não se cansa de incentivar relações políticas e económicas com os mais diversos países do mundo, visando alargar a influência internacional do seu país e criar um "mundo multipolar". Além disso, o dirigente do Kremlin tenta abrir caminho a investimentos dos gigantes económicos russos, públicos e privados.
No dia em que Putin e o seu homólogo venezuelano, Hugo Chávez, anunciavam contratos de fornecimento de armas no valor de cerca de três mil milhões de euros e de exploração conjunta de petróleo e gás na Venezuela, o Kremlin revelou que o dirigente russo irá visitar Angola no início de Setembro próximo.
Entre os maiores projectos de empresas russas em Angola encontram-se as barragens hidroeléctricas de Capanda, na província de Malanje, e de Chicapa, na província da Lunda Norte, bem como o Projecto Catoca, um empreendimento diamantífero russo-anglono-brasileiro na Lunda Sul.
Nessa mesma altura, Putin visitará também a República da África do Sul, ou seja, países nunca antes visitados nem por dirigentes soviéticos, nem por russos.

quarta-feira, julho 19, 2006

Quem atirou a primeira pedra?

No meio do caos emblemático do Médio Oriente interessa realmente saber quem atirou a primeira pedra?
Se é essa a base das acusações mútuas, de parte a parte, que movem e moveram ao longo de décadas países, Estados e nações como Israel, Síria, Irão, Palestina, Líbano, Iraque, Líbia, Egipto e outros – como engendrar uma solução para a região?
Na terra berço de algumas das mais importantes religiões, pátria do perdão, do respeito pelo outro e do "dar a outra face", a solução, como diz António Guterres, parece ser política.
A questão não é o petróleo. Esse é o culpado fácil. O choque parece ser uma amálgama de factores dos quais se destaca o factor cultural. Não de toda a cultura, mas sim daquela forma decadente de copiar a tradição sem querer evoluir. Ouvimo-lo em inúmeros testemunhos, na raiva e ódios expressos por quem não é igual.
As guerras existem porque há fronteiras. Mas enquanto os mísseis são disparados, talvez devessem pensar que ninguém se lembra de quem atirou a primeira pedra.
Isso agora não importa, embora todos a evoquem...

segunda-feira, julho 17, 2006

Feira de livros em formato digital



Por ocasião do 35º Aniversário do Projecto Gutenberg visite a Feira Mundial do Livro Electrónico, onde terá à sua disposição 330 mil livros em formato digital e totalmente gratuitos, só até 4 de Agosto.

sexta-feira, julho 14, 2006

Já se esperava...

A Opel vai abandonar a Azambuja até ao final do ano. Há uns anos, um adminstrador alemão da Opel dizia que um dos grandes problemas da empresa era a queda de produção sempre que faltava energia na zona, inutilizando os automóveis. Um facto que se havia prolongado durante alguns anos, sendo apenas uma das queixas que a adminstração da Opel entregara ao governo português sobre as condições de financiamento da fábrica.
Não sei se estas reclamações tiveram evolução ou não, mas os factos por detrás das alegações da Opel sobre os custos de logística, dizendo que os grandes fornecedores não estão em Portugal e que é caro importar peças, já eram conhecidas há algum tempo e ficaram por corrigir.
Não se percebe por que razão o governo é apanhado de surpresa em todo este caso como se diz. O plano de fecho da fábrica da Azambuja estava traçado...o poder público que negociou com a empresa não pode, agora, ignorar as suas responsabilidades neste feito.

quinta-feira, julho 13, 2006

La chanson du jour!

O Coup de Boule de Zidane...

quarta-feira, julho 12, 2006

Reabilitado mas (ainda) não curado

Há algum tempo atrás escrevi sobre um pesadelo que me assolava.
Felizmente, hoje resume-se a Zemalex (pomada) e a um pé elástico.

segunda-feira, julho 10, 2006

As novas tecnologias

Nos velhos álbuns de recordações jazem os tempos em que a maioria dos cidadãos abria os jornais e calcorreava os dedos pelas páginas dos anúncios classificados, em busca de, por exemplo, casas, de carros e obviamente, de emprego. Depois das mãos encardidas, marcavam aqueles que interessavam com um círculo.
No que respeita ao emprego, seguiam cartas, quase sempre manuscritas que depois de entregues no apartado respectivo, muitas vezes em mão, como se tal atitude fosse um factor decisivo para obtenção do posto de trabalho, aguardava-se com grande expectativa a resposta.
Hoje, accionado o computador, conectado à fórmula mágica rotulada de Internet, digita-se http://www.netemprego.pt e já está: num passe de mágica e à distância de um clique (milagrosa expressão) toda a carteira de empregos à nossa mercê, certamente uma das mais virtuosas realizações do Plano Tecnológico que aproxima as pessoas das empresas.
É certo que já existia a Bolsa de Emprego Público que reunia as necessidades de recrutamento para autarquias, ministérios, tribunais e outros importantes serviços da República; já existiam bolsas de emprego facultadas por associações e sindicatos de áreas profissionais específicas, mas agora é diferente. Com o netemprego, onde as mais variadas empresas têm as suas ofertas, o candidato escolhe a área profissional, a zona geográfica, o salário que acha compatível, a modalidade de emprego, a full ou a part time e até o idioma. Depois é só esperar uns segundos pelo resultado e, logo de seguida, seleccionar os que lhe interessam e enviar o currículo (tarefa que o próprio portal faz automaticamente se o interessado estiver previamente inscrito).
De facto, é mais fácil, mais barato, pode é não dar os milhões pretendidos, no entanto, embora não esteja registado em qualquer lugar como realidade suprema, este é um exemplo nato de civilidade e até de exercício de cidadania por parte dos poderes instituídos que o mesmo é dizer, da promoção do bem-estar geral decorrentes das vantagens das auto-estradas de informação.
Por outro lado, através do ciberespaço, os candidatos aumentam, criando-se uma espécie de nova emigração de uma sociedade sem classes que, numa primeira fase, é virtual, ou seja, um determinado emprego fora da área de residência que antes era ignorado mas que agora passa a estar disponível e pesa exclusivamente sobre os interessados a simples decisão de se candidatarem ou não. É verdade... será que se podem meter cunhas pela net???

segunda-feira, julho 03, 2006

Eleições no México

A República Federativa do México está hoje numa roda-viva não só devido às eleições presidenciais como à escolha de governadores de quatro Estados, incluindo o Distrito Federal (Ciudad de México), mais de cem alcaides, além da renovação do Congresso de la Unión e de várias câmaras legislativas regionais.
Para a presidência perfilam-se dois fortes candidatos, embora um terceiro não seja de excluir de imediato. Os principais candidatos são Andrés López Obrador, do Partido da Revolução Democrática (PRD) – conotado com a esquerda coligado com o Partido del Trabajo y Convergencia na aliança Coalición por el Bien de Todos –, e Felipe Calderón Hinojosa, do Partido Acción Nacional (PAN) – considerado o homem da continuidade e muito amigo de Bush, já que é apoiado pelo quase despedido Vicente Fox.
Todavia, e porque o sistema eleitoral mexicano tem sido, ultimamente, pródigo em surpresas estranhas, não devemos esquecer o candidato daqueles que dominaram o poder entre 1929 -2000, o Partido Revolucionário Institucional (PRI), Roberto Madrazo, que tem o apoio dos verdes do Partido Verde Ecologista do México (PVEM), assente na Alianza por México. Além destes há uma senhora que quer ser a primeira presidente mexicana, a candidata Patricia Mercado, do Partido Alternativa Socialdemócrata y Campesina (PASC).
Numa campanha muito cara, e onde parece tudo ter permissão, apesar do Estado ter distribuído “rodos” de dinheiro para evitar corrupção eleitoral, que durou cerca de 160 dias, a campanha custou qualquer coisa como 51 milhões de dólares.
Os mexicanos podem colocar, e pela primeira vez, um candidato da esquerda no Distrito Federal, mais concretamente em Los Pinos. Se houve ou não corrupção durante a campanha, isso só os analistas mexicanos poderão aquilatar.
No entanto, algo já sobressaiu na véspera das eleições. O antigo presidente Luis Echeverría Álvarez foi detido sob acusação de genocídio contra manifestantes em Outubro de 1968, por alturas dos Jogos Olímpicos do México; só que, estranhamente, esta acusação já terá prescrito em Outubro de 2005.Veremos então quem surge como o sucessor de Vicente Fox, o presidente cessante que falhou quase todas as suas “promessas”.
Não esquecer que o sistema eleitoral mexicano não prevê segundas voltas pelo que todos os candidatos saberão a sua posição quando o escrutínio fechar e os cerca de 71,3 milhões de mexicanos tiverem votado.
Quem sucederá ao “liberal” Fox? O “esquerdista” Obrador, que o candidato conservador Calderón compara a Chavez (o fantasma da campanha) – se ganhar, como prevêem as sondagens, de que modo irá se posicionar o poderoso vizinho do Norte? Será por isso que já estava a levantar um muro na fronteira e não por causa da imigração clandestina? – ou haverá uma surpresa no final da “lide” ?