Alguns Pensamentos...

soalgunspensamentos@yahoo.com.br

terça-feira, março 07, 2006

O futuro passa pela China?

Xangai é, provavelmente, a cidade que simboliza hoje em dia melhor do que nenhuma outra o fenómeno da globalização cultural. Não por acaso, já que nos anos 20 e 30 do século XX, Xangai era uma das cidades mais cosmopolitas e empolgantes do mundo. Era, igualmente, uma das mais violentas, ultrapassando nesse aspecto a Chicago de Al Capone.
De qualquer modo, existe uma longa tradição nesta cidade costeira chinesa de intercâmbio cultural com outros povos da região e do mundo, pelo menos até ao momento em que o então chamado «Império do Meio» decidiu destruir a sua frota e fechar-se ao mundo. Quando, quatro séculos volvidos, os «bárbaros» do Ocidente voltaram, agora munidos de tecnologia militar moderna, a China não teve outro remédio que não o de se abrir à força. Muitos destes «bárbaros» - ingleses, franceses, americanos e russos - escolheram Xangai como o ponto nodal a partir do qual desenvolviam as suas actividades comerciais.
Naturalmente, a vida cultural da cidade não podia deixar de reflectir este autêntico «melting pot» caótico, vibrante e imprevisível.
O jazz que então se tocava e ouvia em Xangai não ficava a dever nada ao de Nova Orleães ou ao de Chicago. Aliás, o carácter multicultural do jazz explica porque era a música de eleição dos bares e hotéis de Xangai nos anos 30. Tal como o jazz é o resultado de múltiplos elementos e influências, sendo talvez o primeiro estilo musical realmente global, também a Xangai desses anos se assomava como a principal metrópole cosmopolita do Extremo Oriente.
A arquitectura desta cidade é outro exemplo da sua abertura ao mundo. A «Arte Deco», baptizada em 1966 embora nascida em 1925, foi adoptada em Xangai com um entusiasmo só comparável ao de Nova Iorque, superando a Paris que a viu nascer e a imperial Londres. Este movimento artístico puramente decorativo assumiu nesta cidade do Extremo Oriente o mesmo diálogo inter-civilizacional que está na origem dos motivos aztecas dos arranha-céus nova-iorquinos.
A Xangai dos dias de hoje parece querer acordar do torpor que o regime comunista lhe impôs até meados dos anos 80. Com a abertura aos benefícios da economia de mercado decretada por Deng Xiaoping, Xangai parece querer recuperar o ritmo frenético dos anos 30. Infelizmente, a globalização dos nossos dias não tem o "requinte" dos anos 20 e 30. O jazz e a «Arte Deco» foram substituídos pelos últimos «hits» da pop, pelos MacDonalds e pela poluição automóvel. A repressão política é a regra, as liberdades e garantias que damos por adquiridas no Ocidente, uma miragem. Diz-se por aí que o futuro passa pela China. Não sei se é verdade. Mas uma coisa eu sei - se, no futuro, puder ir até Xangai, vou tentar descobrir um hotel com uma banda de jazz e tentar reviver aqueles loucos anos 30...

2 Comments:

Blogger Desambientado said...

O Futuro passará forçosamente pela China e pela América Latina. Estou convencido disso.

09:46  
Anonymous Anónimo said...

São realmente duas grandes forças com cada vez mais influência e presença.

10:10  

Enviar um comentário

<< Home