Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, maio 18, 2007

O galo cantou três vezes?

Entre os anos 70 e 80 do século passado foram feitas descobertas religiosas (e científicas) de relevo: o Evangelho de Judas, um dos evangelhos apócrifos supostamente escritos por gnósticos em copta, utilizando o papiro, e autenticado com data entre os século III e IV, e um túmulo agora declarado como pertencendo à família de Jesus Cristo, com quatro sugestivas palavras: Jesus, filho de José.
Em Abril de 2006 o Evangelho de Judas é publicado pela conceituada National Geographic e, em data mais recente, os portugueses à imagem e semelhança dos restantes vizinhos do planeta, viram a televisão mostrar ao mundo o túmulo da família mais sagrada e polémica da História, apoiada por opiniões de reputados especialistas, corroboradas por análises do ADN e do carbono 14. Em síntese, afirmam a veracidade da correspondência da data em que o documento e o túmulo existiram, com as datas em que actualmente se considera que as pessoas em causa viveram. A ciência coloca-se ao serviço da religião, mas acima de tudo e sempre, ao serviço da verdade dos factos, se não, veja-se o famoso Sudário de Turim cuja veracidade não é reconhecida universalmente dado se suspeitar que os resultados dos testes de carbono 14 podem ter sido alterados por causas externas.
Se Judas protagonizou aquele que é considerado como o mais famoso beijo da História, consubstanciando a traição a Cristo ou se o mesmo Cristo constituiu família com Maria Madalena ou outra pessoa, se teve um filho de nome Judas, não está aqui em discussão. Pretende-se apenas chamar a atenção para o facto de cada vez mais ser difícil dissociar factos de fé (se assim lhe podemos chamar) de conhecimento científico.
A época pascal, recentemente vivida, continuou a ser testemunha de enormes actos de fé e sacrifício físico como pagamento de promessas com crucificações e auto-flagelos, o que demostra a vivência da fé profunda da população em países como as Filipinas ou o México. Porém, cada vez mais para outros públicos a evidência científica exerce um peso necessário e imprescindível para uma espécie de nova (e contraditória?) forma de fé: a Confirmação. Esta Confirmação, obtida de forma científica por “doutores da ciência” não altera a fé dos “doutores da Igreja”, antes pelo contrário, alarga-a e sustenta-a.
Mas não se pense que os aparatos tecnológicos servem só grandes causas com recursos a laboratórios e testes complicados. Veja-se o exemplo do pároco José Alves da diocese de Leiria, mais concretamente de Monte Real que, na pretensão de alargar e fidelizar a comunidade paroquial, adaptou um sistema de karaoke à celebração do culto de forma a que os fiéis se sintam mais incentivados e, através do som e da imagem mostrassem mais entusiasmo nos cânticos e na prática religiosa em geral. A bem da verdade, não se pode deixar de concordar que a maior conquista da humanidade não é tanto a revolução da tecnologia mas sim a evolução da criatividade.