Alguns Pensamentos...

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terça-feira, março 27, 2007

Uniformização da hora

A nossa hora legal (que corresponde a GMT) já está ligeiramente adiantada em relação à hora solar. Os empresários querem adiantá-la mais uma hora, a fim de a uniformizar com a hora CET (GMT+1) (Europa Central). Esquecem, porém, que essa solução já foi ensaiada em 1996, tendo logo sido abandonada, e bem, dadas as perturbações que causou (nomeadamente, o início da actividade ainda de noite nas manhãs de Inverno e o prolongamento do dia até depois das 22 horas nos dias de Verão), como sucede, embora em menor medida, em Espanha, cujo território também cai no fuso horário de Greenwich.
Além disso, não existe nenhuma hora uniforme na UE, visto que os países do leste europeu, da Finlândia a Chipre, têm mais uma hora do que o CET (GMT+2) e que o Reino Unido e a Irlanda não vão seguramente abandonar a hora de Greenwich, que nós compartilhamos. Os Açores (Greenwich - 1), teriam de adiantar a sua hora legal em 120 minutos, de modo a passarem a ter também a mesma hora da Polónia? É certo que é necessário uma maior integração europeia mas a geografia não pode mudar-se por decreto.

segunda-feira, março 19, 2007

Secessão: um peso, uma medida?

Segundo o Le Monde, o relatório que o mediador da ONU Martti Ahtisaari apresentou ao Conselho de Segurança propõe a independência do Kosovo face à Sérvia. Trata-se do culminar de um processo iniciado pela intervenção da Nato em 1999, devido à repressão do separatismo kosovar por parte de Belgrado, que conduziu à posterior "limpeza étnica" dos sérvios do Kosovo e à separação de facto do território, desde então sob administração internacional.
Para além do estatuto da minoria sérvia remanescente num Kosovo independente, a principal questão que a secessão coloca é a de admitir a alteração das fronteiras políticas de um Estado independente por via de separação unilateral de uma parte do seu território, pois, ao contrário dos demais Estados nascidos da fragmentação da antiga Jugoslávia, o Kosovo não constituía uma república federada mas sim uma província da Sérvia.
Aceitando a secessão do Kosovo, como negar depois igual direito a outros territórios em situação semelhante, como, por exemplo, a parte sérvia da Bósnia-Herzegovina, a parte turca de Chipre, o Kurdistão (Turquia e Iraque), o país basco (Espanha)?

terça-feira, março 13, 2007

A forma justa

Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
a saciar a nossa fome do terrestre.
A terra onde estamos – se ninguém atraiçoasse – proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
– Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen

quinta-feira, março 08, 2007

Erro de atribuição rima com roupão, reunião e com Fundação...

Alguns cientistas sociais, nomeadamente os psicólogos, chamam «erro de atribuição» à tendência humana para desacreditar um argumento apenas por causa das características que atribuímos ao seu autor. Queremos que a opinião de "fulano" esteja errada porque partimos do princípio de que fulano é mal intencionado, logo, tudo o que "fulano" diz só pode ser mal intencionado. Ele é o "fulano" errado porque tem de estar errado...

quinta-feira, março 01, 2007

A importância do formalismo político

É raro alguém ligar às formalidades próprias da política pois há quem as considere meras ‘hipocrisias’ e quem pense que é assunto do passado. Mas a formalidade é substancial para que os actores políticos se tratem com o devido respeito e deferência e não se transformem em puros demagogos dispostos a acicatar os piores instintos de cada um, a explorar a ignorância dos governados, ou a incentivar interesses privados e mesquinhos.
Alberto João Jardim sempre utilizou uma linguagem excessiva, bastando reparar para o modo como iniciou o seu discurso de demissão - feito na qualidade de presidente do Governo Regional da Madeira (cargo que lhe dá acesso ao Conselho de Estado) – em que se verifica que ele se compraz em não cumprir qualquer formalidade. Independentemente da razão política que possa ter, refere-se a uma Lei do Parlamento, verificada pelo Tribunal Constitucional e assinada pelo Presidente da República como uma ‘‘violação da Constituição’’ executada pelo ‘‘poder socialista de Lisboa’’ que resulta numa ‘‘inadmissível alteração ditatorial’’.
Os termos considerados por poucos inaceitáveis e irrelevantes, exigiriam que Jardim fosse chamado à atenção pelo modo como se expressa publicamente, embora o Estado português não se queira dar ao respeito e tolere todas as suas invectivas.
Não está em causa o direito de discordar de uma lei mas sim o facto de alguém, na qualidade de presidente de uma Região, não respeitar a formalidade que deve ao Presidente da República, à Assembleia da República e ao Governo e ao Tribunal Constitucional...este respeito é exigível até a um presidente de uma Junta de Freguesia.
Além disso, é pena que motivos meramente de aritmética política levem o PSD a caucionar este género de linguagem indecorosa.