Alguns Pensamentos...

soalgunspensamentos@yahoo.com.br

terça-feira, fevereiro 13, 2007

O desconforto das previsões

As palavras do governador do Banco de Portugal indicando uma previsão de crescimento moderado, mas consistente da economia podem ser assumidas sem descrença e com toda a razoabilidade. Porém, com os sinais da inflação e a subida das taxas de juro, a perspectiva de evolução do rendimento disponível nas famílias é menos acomodável do que a esperança do governador Vítor Constâncio quanto à solvência dos portugueses.
Animado pelas recentes estimativas sobre o desempenho das finanças públicas em 2006 e a aceitação, por Bruxelas, do PEC português actualizado em Dezembro, este governo vai marcando passo em áreas fundamentais da política económica, segundo diagnóstico e prioridades apontadas esta semana pela OCDE (relatório Going for Growth, 2007).
Entre algum deslumbramento à falta de uma oposição capaz e um certo ar folgado face aos resultados do esforço demonstrado na consolidação orçamental (6 para 4,6% do PIB em dois anos), com as medidas anunciadas para reforma da administração pública, o governo sabe que muito está por fazer, que o caminho ainda é longo e que o atraso na implementação de reformas vai gerando consequências e facturas que terão, mais tarde ou mais cedo, que ser cobradas.
Um crescimento «moderado» de 1,8% - que se espera tenha maior contribuição do investimento - acompanhado de uma taxa de desemprego praticamente estagnada nos 7,4%, tornam legítimo exigir mais acção e rapidez na governação.
Com mais dois anos de mandato pela frente e um ambiente de convivência institucional, nada se diz sobre a dinamização do investimento e do emprego, nem sobre a implementação efectiva de medidas de redução, ao invés de contenção, da despesa pública.
Para lá de medidas e programas sonantes respeitantes à eficiência energética e ao simplex, sobram desafios decisivos como o objectivo do défice para este ano (3,7%) e o aviso de que a eficiência fiscal não resolve tudo.