Alguns Pensamentos...

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sexta-feira, janeiro 12, 2007

Tordesilhas revisitadas a Oriente

O Presidente da República chegou a Nova Deli para uma visita de sete dias à Índia, acompanhado por um séquito de 67 empresários. A ideia é de que não se trata de um passeio turístico nem de uma peregrinação histórica, mas de uma visita de trabalho a um país que é uma grande potência emergente.
O primeiro-ministro chega a Pequim no dia 30 de Janeiro e durante outra semana percorrerá a China, na companhia de mais um grupo de emprésários portugueses, na secreta esperança de dar um impulso às relações políticas e económicas entre os dois países. O ministro da Economia bisa a sua presença nas duas excursões, auxiliando assim ao pacto de cooperação estratégica celebrado entre Cavaco Silva e José Sócrates. O primeiro fica com a Índia, o segundo com a China e ninguém se aborrece: Tordesilhas revisitadas a Oriente.
Portugal continua a ser um país pequeno. Por mais que o tecido empresarial se tenha sofisticado nos últimos 20 anos, Portugal ainda não possui grupos económicos com dimensão suficiente para "atacar" qualquer uma destas potências. Tentar progredir nas nossas relações económicas simultaneamente com a Índia e com a China é inconsequente. Metaforicamente, é quase como ir a dois casamentos no mesmo dia, não se apreciando verdadeiramente nenhum. Ainda assim, é mais fácil um gigante indiano ou chinês comprar uma empresa portuguesa do que o inverso acontecer porque a nossa econiomia é aberta e permeável à entrada de investidores estrangeiros, enquanto que as economias indiana e chinesa, além de serem maiores do que a de Portugal, são também mais protegidas e regulamentadas pelos seus governos.
O que ressalta é que estas visitas não foram bem concertadas entre Cavaco Silva e José Sócrates quer pelos 15 dias de intervalo que as separam com coincidências de objectivos e convidados, quer pela repetição de grupos económicos nas duas iniciativas.
Afinal a quem competem estas iniciativas de diplomacia económica? É o primeiro-ministro que deve capitanear o desenvolvimento das relações empresariais e económicas com outros países ou isso é matéria do Presidente da República? E se ambos têm as mesmas competências, então não deverão ser fundidas no respeito pela racionalização do aparelho de Estado?