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quarta-feira, fevereiro 08, 2006

As caricaturas de Maomé



Muito se tem discutido sobre este assunto na blogosfera, local onde foram feitas considerações bastante interessantes, principalmente aqui.
O tema já é velho mas, numa sociedade globalizada como é a nossa actualmente, o problema desencadeado pelas caricaturas de Maomé (que incendiaram o mundo islâmico - qualquer coisa como 1300 milhões de pessoas!) faz-nos recordar que há certos temas que devem ser objecto de cuidados acrescidos, especialmente quando se pretende usá-los para fazer humor.
Aliás, foi precisamente essa a opinião manifestada há dias na TSF quando, António Feio e Ricardo Araújo Pereira responderam à questão «Pode fazer-se humor com tudo?». A resposta veio prontamente: «Com a religião é preciso cuidado...». Esse cuidado advém da religião mexer com o «sagrado», terreno altamente melindroso em que o direito de fazer humor pode facilmente esbarrar com o direito que os crentes têm de não ser agredidos nos seus sentimentos mais profundos.
Além disso, tudo dependerá, também, da assistência, pois uma piada que, contada à mesa do café, faz rir três pessoas, pode, se publicada num órgão de informação de grande audiência, revelar-se explosiva.
Há uns anos, e devido ao excesso de alumínio na água, vários diabéticos morreram num centro de hemodiálise em Évora, facto esse que inspirou Carlos Borrego, à altura Ministro do Ambiente, a contar em público uma anedota segundo a qual se podia obter alumínio reciclando os mortos.
Foi demitido, mas é bem possível que tenha pensado (como agora oiço dizer em relação ao caso que está a dividir o mundo) que apenas estava a exercer o seu sagrado direito de liberdade de expressão de pensamento. Imagino que tenha sido também o que pensavam os adolescentes que há dias, em Lagos, andavam a fazer graffitis em residências, lojas e monumentos... até serem detidos pela PSP.
Podemos perguntar: Que mal, na prática, essas caricaturas fizeram ao Islão? Como é que, por todo o Islão, "a rua" se indigna com uma blasfémia que não conhece?
Talvez se perceba melhor esta problemática quando a Europa e os E.U.A deixarem de coçar a sua consciência (mea culpa).