Alguns Pensamentos...

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quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Manter a orquestra afinada

Alan Greenspan, apelidado de Maestro, passou oficialmente à reforma, pelo menos no que diz respeito aos comandos da Reserva Federal norte-americana.
Ao longo de 18 anos, resistiu às vicissitudes de quatro presidentes e várias políticas económicas e, graças à sua tenacidade empreendedora, foi levando a "água até ao seu moinho", sendo a sua capacidade e talento reconhecidos por todos os quadrantes políticos um pouco por todo o mundo, não apenas nos EUA.
Ben Bernanke é o homem que lhe sucede a partir de hoje e não vai ter uma vida fácil, enfrentando a política delicada da maior economia mundial, ainda por cima em regime de desaceleração, segundo as contas do último trimestre e com os mais pessimistas a assumir para 2006 um cenário de recessão.
Provavelmente vai ter de lidar de igual modo com um maior controlo da moeda e o drama dos défices - o orçamental e o externo -, face a uma administração Bush que mexe no nível dos impostos conforme lhe é mais politicamente favorável.
Para já, talvez a primeira grande tarefa de Bernanke seja conquistar a confiança dos investidores, empresários e políticos e tal só será possível com um controlo da inflação, algo fundamental para a credibilidade da instituição que lidera.
Mas, sendo uma escolha de George W. Bush, conseguirá impor-se? Será capaz de manter o estatuto de independência e sobriedade que Greenspan prolongou ao longo das várias administrações da Casa Branca?
A maior economia mundial sempre dependeu do dinamismo que ela mesma recriava. Tornar-se previsível pode ser meio caminho andado para a Reserva Federal americana parecer o parceiro europeu BCE. Vamos ver se Bernanke não se revela um duro de ouvido, sem capacidade para orientar a orquestra.