Alguns Pensamentos...

soalgunspensamentos@yahoo.com.br

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Rembrandt



Celebraram-se 400 anos sobre o seu nascimento. De todas as facetas da sua obra, a que mais aprecio é a longa colecção de auto-retratos, o sistemático e despretensioso escrutínio que faz de si próprio. Longe da fama, da glória e do retrato da beleza. Uma curiosidade, metamorfose, busca e expressão única na história da pintura, ainda que precedida por Dürer e, de certa forma, expandida por Van Gogh. O auto-retrato mudou muito desde então e a representação de si é central na arte do séc. XX.
Olhar para os auto-retratos de Rembrandt é descobrir a conturbada história da sua vida, a sua perplexidade constante, embora seja também perceber que não se tratou de acaso algum, nem sequer de um acto pragmático, resultante da disponibilidade imediata do modelo.
O auto-retrato era um projecto artístico para Rembrandt, a representação da própria humanidade. Neste auto-retrato, poucos anos antes da sua morte, a imbricação da arte e da carne aparece num exacto recreio de luz, sem dúvida estudado de modo a que nenhum traço do tempo fosse subestimado. Não se incomoda com ser visto, oferece esse olhar com tranquilidade e sem qualquer pose.