Alguns Pensamentos...

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terça-feira, novembro 15, 2005

Um balanço de um cidadão...

Após uma semana de debates, exposições, espectáculos e missões de rua, o que permaneceu deste Congresso Internacional para a Nova Evangelização?
As imagens públicas que certamente ficarão na retina da cidade serão a da procissão da luz com a imagem de Fátima e a das relíquias de Teresa de Lisieux, veneradas, na Sé. Será que quando se fala em nova evangelização, devem promover-se, deste modo, velhas expressões de religiosidade?

É evidente que a religiosidade popular tem direito de cidadania, mas a Igreja fala em reevangelizar precisamente porque muitas pessoas se aproximam do catolicismo não tanto pelas verdades centrais da fé mas pela devoção pessoal mariana ou aos santos. Sem rejeitar a expressão popular, há um desafio inerente à criatividade das formas e e à reflexão sobre os novos conteúdos a propor a uma nova sociedade. Muitos reduzem as consequências da fé a regras de moral individual, não percebendo que ela deve começar talvez por questionar um modelo de sociedade que, de certa forma, contradiz em tantas coisas o evangelho proclamado.

Este congresso possibilitou um momento importante para a sociedade, realizando-se uma mesa-redonda com os cardeais e o arcebispo de Paris que foi um momento de debate, de polémica e até de algum humor. Contudo, o congresso deveria ter dado mais atenção à dimensão ecuménica e inter-religiosa, através de um acontecimento específico que possibilitasse mesmo o diálogo com os não-crentes.

O balanço deste congresso é, na verdade, positivo nem que seja pelo simples facto de não ter passado indiferente. Todas estas experiências que tiveram lugar em Lisboa, não só este congresso mas também o encontro Taizé, no final de 2004, a Bíblia Manuscrita há um ano, fizeram, provavelmente, mais pela nova evangelização que a Igreja quer, do que muitos debates estritos pelo simples facto de estas experiências estarem relacionadas com uma ideia cara ao patriarca de Lisboa, chave da aproximação entre a Igreja e a sociedade: é a cultura que está em causa... ideia curiosa...