Alguns Pensamentos...

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terça-feira, novembro 08, 2005

O legado da cimeira de Copenhaga

O debate sobre a adesão da Turquia à União Europeia (UE) está na ordem do dia. Os argumentos pesam para um lado e para o outro pois entre a aproximação que este país fez ao nosso continente nas últimas décadas, os compromissos, as promessas e a disparidade que revela ainda em relação a princípios fundamentais adoptados pela UE, defende-se a ideia de adiar um pouco a sua adesão para que se dêem as evoluções necessárias em ambos os lados.
Já dizia Giscard d´Estaing que "a capital da Turquia não é na Europa", declaração nada inocente uma vez que servia para desminar a questão turca antes da cimeira de Copenhaga. O que é certo é que esta declaração suscitou algumas das verdadeiras questões que a candidatura da Turquia coloca à UE e que muitos chefes de Estado tentam constantemente esclarecer publicamente: Quais são os fundamentos desta Europa que se está a construir? Até onde pode ela integrar países vizinhos? Tem limites geográficos?
O legado da cimeira europeia de Copenhaga veio aumentar a urgência de um debate que nunca teve verdadeiramente lugar e que se encontra, agora, armadilhado pelas promessas e compromissos tomados noutros tempos. No início da construção europeia não se punha a questão da identidade europeia, nem para os seis do início, nem sequer para os quinze, situados todos no coração da Europa. Só no último alargamento é que ela emergiu verdadeiramente, coexistindo com a candidatura turca.
As condições que rodeiam actualmente esta candidatura já não têm nada a ver com aquelas dos anos 60... após quarenta anos de construção, a UE tornou-se um conjunto de países que partilham valores reconhecidos na Carta dos Direitos Fundamentais redigida no ano 2000. Será que actualmente tem de se esquecer tudo o que foi dito e feito, de há 50 anos para cá?