Alguns Pensamentos...

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quinta-feira, abril 07, 2005

Iniciativas educativas...

Os exames do 9.º ano emergem novamente no cenário educativo como uma iniciativa repleta de bondade política que o antigo ministro David Justino deixou afundar na confusão dos concursos para os professores. O ano lectivo, por causa dos atrasos na colocação dos professores, começou tarde e mal em muitas escolas com os programas a ficarem por cumprir. E se os exames do 9.º ano visavam certificar as competências dos jovens que chegam ao fim do ensino básico, fazer exames sobre matéria inexistente era, no mínimo, incorrecto.
Num cenário desta dimensão, o novo governo, que herdou quatro meses da ministra da Educação de Pedro Santana Lopes, poderia, por exemplo, entre outras soluções viáveis, adiar por um ano os exames, embora a decisão apresentada fosse fazer este ano os exames mas excluindo- se os que, comprovadamente, não os conseguissem realizar.
No fundo, o ponto nevrálgico da questão torna-se, de certo modo claro: não está em causa uma opção de política educativa mas a (inevitável?) vontade de agradar a todos. Os exames mantêm-se no sentido em que é necessário existir rigor na avaliação, como se esta fosse dada somente pelos mesmos, excluindo-se os que não o podem realizar...
Apesar de os exames estarem um pouco em "banho - maria" quer para professores, pais e alunos e mesmo para a restante comunidade escolar, encontrando-se até certo ponto destituídos de seriedade e de intenção, José Sócrates fez acompanhar esta oferta com outra acção (educativa, de marketing?) que se caracterizou pela inexistência de “furos” (horas sem aulas) a partir do próximo ano lectivo, no ensino básico, sendo os alunos constantemente acompanhados por professores... Eis-nos, novamente, numa espécie de pantanal que não nos permite avançar, onde frequentemente sucumbem várias ideias educativas que não parecem adequar-se ao real. Ainda há muito por esclarecer no que diz respeito à educação em Portugal, um longo caminho a percorrer para nos aproximarmos de um ensino mais relacional, vivo, pedágogico e humanizante em que o aluno se torna um participante activo na construção do saber. As política assombram todo um processo de ensino- aprendizagem, mas não deixam de ser uma espécie de mal necessário, operantes e participantes na construção de um cenário educativo.
A realidade educativa é uma arena permanente de conflitos onde convergem diferentes opiniões ou medidas políticas; mas a questão é mais complicada do que parece e a sua concretização é aquilo que separa o marketing da realidade…