Os tão amados lobbies...
Ao folhear o Expresso esta tarde apercebi-me que Portugal está a dar tudo por tudo para que António Guterres seja a escolha mais viável para Alto Comissário da ONU para os Refugiados. Este esforço por parte do governo português compreende-se na medida em que seria prestigiante para Portugal ter em tão alta e tão importante posição um cidadão português. Além disso, seria um cargo que não passaria despercebido e causaria até algum impacto e ressonância e revelaria uma faceta humanitária que podia abrir algumas portas a um Portugal que se quer competente e cada vez mais europeu.
Para que tal aconteça, o nosso governo desdobra-se em várias atitudes entre as quais a criação de uma equipa composta por elementos das direcções - gerais de Política Externa e de Assuntos Multilaterais que seria coordenada pelo agora Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, e por uma pressão programada junto da própria ONU que seria encetada por missões diplomáticas claramente definidas. Formam-se autênticos lobbies para apoiar uma candidatura, reforçando-a através deste tipo de iniciativas que poderão resultar ou não a favor de Portugal. Em território nacional, os lobbies sempre foram moralmente reprováveis e vistos como algo de perjurativo e prejudicial num país que se quer transparente em todos os campos. Em território internacional, parece que "é permitido" e moralmente aceitável a realização de alguns lobbies que actuam como formas de pressão para se escolher alguém sobre o qual se tem preferência, algo que começamos a considerar um pouco como tipicamente português.
De modo nenhum ponho em causa a competência e a capacidade do engenheiro Guterres para desempenhar tal cargo, mas sim a essência dos próprios lobbies como algo de obscuro, desleal e de pouco transparente a que nos habituámos e a que ajustámos à nossa percepção como algo "normal", dando-lhes outras e renovadas cores. Contudo, não podemos deixar de pensar em como a essência dos lobbies se assume como uma espécie de reflexo do próprio governo português nos últimos tempos...
Para que tal aconteça, o nosso governo desdobra-se em várias atitudes entre as quais a criação de uma equipa composta por elementos das direcções - gerais de Política Externa e de Assuntos Multilaterais que seria coordenada pelo agora Ministro dos Negócios Estrangeiros, Freitas do Amaral, e por uma pressão programada junto da própria ONU que seria encetada por missões diplomáticas claramente definidas. Formam-se autênticos lobbies para apoiar uma candidatura, reforçando-a através deste tipo de iniciativas que poderão resultar ou não a favor de Portugal. Em território nacional, os lobbies sempre foram moralmente reprováveis e vistos como algo de perjurativo e prejudicial num país que se quer transparente em todos os campos. Em território internacional, parece que "é permitido" e moralmente aceitável a realização de alguns lobbies que actuam como formas de pressão para se escolher alguém sobre o qual se tem preferência, algo que começamos a considerar um pouco como tipicamente português.
De modo nenhum ponho em causa a competência e a capacidade do engenheiro Guterres para desempenhar tal cargo, mas sim a essência dos próprios lobbies como algo de obscuro, desleal e de pouco transparente a que nos habituámos e a que ajustámos à nossa percepção como algo "normal", dando-lhes outras e renovadas cores. Contudo, não podemos deixar de pensar em como a essência dos lobbies se assume como uma espécie de reflexo do próprio governo português nos últimos tempos...
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