Alguns Pensamentos...

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segunda-feira, junho 13, 2005

Eugénio de Andrade e Álvaro Cunhal

" É todo um mundo confuso".

Com esta frase começava "Os Amantes sem Dinheiro" de Eugénio de Andrade, um dos grandes poetas portugueses e talvez, sem querer cometer nenhuma heresia ou sacrilégio - desculpem - me, entre outros, os defensores de Fernando Pessoa - o maior poeta português.
Eugénio de Andrade seguiu ao longo da sua vida poética três grandes linhas orientadoras que se consubstanciavam no Homem, na terra e na palavra, essências de todo o seu percurso poético.
O seu desaparecimento, aos 82 anos de idade, constitui uma perda enorme para a língua portuguesa e para a cultura nacional pois poucos foram aqueles com o seu talento, a sua genialidade e sensibilidade.
Quis o destino que o dia do seu desaparecimento coincidisse com o da morte de Álvaro Cunhal, este com 91 anos. Goste - se ou não da figura, comunista ou não, ninguém pode ficar indiferente a um ícone histórico português e à sua contribuição para a introdução e consolidação da democracia no nosso país. Cunhal marcou um Portugal político, um Portugal cultural, um Portugal social. Defendeu sempre as suas ideias e princípios com uma acérrima vontade e concordando - se ou não com as mesmas ou com as suas aplicações, essa natureza de esforço, dedicação, devoção é algo que deve ser transmitido às gerações futuras. À sua maneira, sem dúvida, suis generis, mesmo sendo ultrapassado pelas mutações sociais da Perestroika e por um sentido renovador do comunismo, também ele tentou tornar este mundo menos confuso... tal como Eugénio de Andrade.