Alguns Pensamentos...

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segunda-feira, maio 12, 2008

Liberdade e horizonte juvenil

Quarenta anos depois do Maio de 68, evoca-se o acontecimento como um período absolutamente marcante na história da segunda metade do século XX através de uma série de iniciativas. Perspectivando aquela data mítica, Zuenir Ventura, autor de um livro clássico, lançou agora no Brasil outro livro intitulado O que Fizemos de Nós. O pertinente título da obra transporta uma pergunta inevitável sobre o que dos anos 60 vai restando.
Poderá haver quem se lamente do alheamento da juventude relativamente a um certo empenhamento social e político, mas nada disso poderá, na verdade, ser um motivo de espanto. Existem diferenças existenciais profundamente marcantes onde cada geração integra a sua experiência vivida. De uma maneira geral, os jovens de hoje, herdeiros do Maio 68, usufruem de uma liberdade conquistada mas sem perspectivas numa vida condenada à precariedade, ao provisório e à instabilidade, em contraste com aqueles que nos anos 60 eram jovens, porventura sem liberdade, mas que tinham no horizonte a perspectiva de uma estabilidade reconfortante. Na nossa contemporaneidade, a ansiedade juvenil, não pela falta de liberdade, mas pela falta de futuro (que era o que antes abundava) surge como um novo desafio a superar.
Quando se tenta, hoje em dia, interrogar o afastamento da juventude, deve-se ter em conta esta ansiedade que, frequentemente misturada com desânimo, se torna na mentalidade reinante porque também é esse o enquadramento da realidade que é transmitido.