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terça-feira, outubro 17, 2006

A face do silêncio: para quando a mudança?

Anna Politkovskaia (1958-2006), uma voz crítica do regime autocrático russo – encapuçadamente democrático, porque é isso que o Ocidente quer crer – de Putin, apareceu morta a tiro no elevador do seu prédio. Anna, uma missionária do jornalismo de investigação, incómodo e impertinente, preparava um artigo sobre as sevícias que se praticavam, em nome da justiça, da liberdade e da integridade territorial, na Tchetchénia. Uma vez mais, uma jornalista foi brutalmente silenciada na Rússia. Neste momento, que saiba, as autoridades policiais avançam três versões do crime:
A primeira poderá estar ligada ao processo dos "polícias de Nijnevartovsk". Em 2001, esses agentes, durante uma missão de serviço na Tchetchénia, raptaram, torturam e mataram numerosos civis. Graças ao trabalho de investigação e publicações de Politkovskaia, o processo foi a tribunal e os culpados foram condenados a pesadas penas de prisão. Um deles, Serguei Lapin, tinha ameaçado várias vezes a jornalista.
Segundo a versão seguinte, o crime poderia ter sido organizado por políticos da oposição a Vladimir Putin com vista a comprometê-lo a ele a a Ramzan Kadirov, primeiro-ministro do Governo tchetcheno pró-russo, para os desacreditar aos olhos do Ocidente. Aponta-se o nome de Boris Berezovski, magnata russo de origem judaica que encontrou refúgio político em Londres. A terceira versão aponta a organização do crime para Ramzan Kadirov, figura duramente criticada pela jornalista russa.
Além disso, surgiu mais uma versão, a quarta. Segundo esta, Politkovskaia poderia ter sido assassinada por grupos fascistas e nacionalistas russos. O seu nome figurava numa lista de personalidades a abater, que foi colocada na Internet por grupos radicais russos.
Em casos anteriores de assassinatos de figuras públicas russas, os dirigentes do país também prometeram encontrar os criminosos, mas sem grande sucesso... ou vontade?