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sexta-feira, abril 14, 2006

O homem que se atreveu a falhar

Samuel Beckett nasceu a 13 de Abril de 1906, em Foxrock, um subúrbio de Dublin. Oriundo de uma família protestante abastada, estudou na Portora Royal School antes de ingressar no Trinity College da sua terra-natal.
A relação conflituosa que sempre manteve com a mãe levou-o a mudar-se para Paris. Uma vez instalado na capital francesa, passou a frequentar a pequena comunidade literária de expressão britânica que se reunia na famosa livraria Shakespeare and Company de Sylvia Beach, onde conheceu James Joyce.
Em 1930 Beckett estreou-se como poeta, ao publicar Whoroscope, um monólogo dramático de uma meditação sobre os mistérios de Deus, da vida e da morte. No ano seguinte, reuniu uma colectânea de ensaios com o título Proust.
De regresso a Dublin, licenciou-se pelo Trinity College em Estudos Franceses e Italianos e, no ano de 1927, começou a trabalhar como professor em Belfast. Em 1932, a morte do pai trouxe-lhe uma herança que lhe permitiu abandonar a carreira académica para se dedicar somente à escrita. Julgando Londres um meio mais propício a oportunidades, mudou-se para esta cidade em 1933, publicando em 1934 o seu primeiro romance, More Pricks Than Kicks.
Com o deflagrar da Segunda Guerra Mundial, Samuel Beckett partiu definitivamente para França. Juntou-se às fileiras da resistência anti-nazi, sendo procurado pelos Nacional-Socialistas e por isso foi obrigado a fugir para o sul do país. Com o final da guerra, Beckett esteve ao serviço da Cruz Vermelha em Paris. Passou a escrever em francês, publicando uma trilogia narrativa composta por Molloy (1951), Malone Meurt (1951) e L'Innommable (1953), e as suas peças de teatro mais famosas, En Attendant Godot (1952), Fin De Partie (1957) e Oh! Les Beaux Jours (1961).
Em 1961, Beckett ganha o Prémio Formentor, ex-aequo com Jorge Luís Borges. Em 1969, foi galardoado com o Prémio Nobel da Literatura, após o qual escreveu Não Eu, Aquela Vez e Embalada. Nos anos 80 escreveu Company, III Seen III Said e Worstward Ho. Os seus últimos textos foram Que palavra será e Sobressaltos, em 1988.
Com 83 anos, a 22 de Dezembro de 1989, seis meses depois da morte da mulher, Beckett faleceu após ter sido hospitalizado por problemas respiratórios.
Conhecido pelo seu minimalismo e pela forma como abordava o absurdo da condição humana, Beckett disse, em Duthuit Dialogues, que «ser um artista é falhar como mais ninguém se atreve a falhar». «Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor.», lê-se em Worstward Ho. E o que é certo é que muitos consideram que o dramaturgo irlandês revolucionou o teatro do século XX e, até hoje, ninguém mais conseguiu fazê-lo.

2 Comments:

Blogger Desambientado said...

Boa Páscoa.

10:37  
Blogger David Soares said...

Desambientado,

Obrigado.
Votos de uma boa páscoa.

13:15  

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