Alguns Pensamentos...

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quinta-feira, dezembro 29, 2005

Prenda no sapatinho de São Bento?

Nesta época de festas, a paz precisa-se. Belém, a terra do Deus menino, encerra o mito cristão estando bem longe da mesma Belém dos dias de hoje, distante da cadeira do palácio alfacinha que lhe usurpou o nome e que agora é cobiçada por muitos embora, verdadeiramente, merecida por poucos e a poucas semanas de conhecer novo signatário para os textos da República.
É certo que a campanha para as presidenciais nem sequer começou oficialmente, mas face aos dados que todos expuseram surgem algumas luzes. Em primeiro lugar, o número elevado de candidatos presidenciais, a ultrapassar a dezena, possivelmente o lado surreal da democracia moderna em funcionamento. Depois, caso o antigo primeiro-ministro social-democrata seja o eleito para ocupar o cargo em Belém – e em especial se o conseguir logo na primeira volta –, as relações com o governo ficarão no centro das atenções. E, caso se confirme esta conjuntura, mais do que ao futuro presidente da República, as questões colocam-se a José Sócrates. Do leque de candidatos, há quem diga que Cavaco Silva possui o melhor perfil para que Sócrates aplique o seu programa de governo e as medidas que o país necessita, em especial as mais duras – as que não vêm nos programas eleitorais de ninguém.
No entanto, mesmo Sócrates – note-se a forma subtil como tem manifestado apoio ao seu candidato – sabe que precisa de ter alguma consistência perante o eleitorado.
Resta saber se, caso Soares tenha uma derrota pesada e em toda a linha – e seria a segunda derrota consecutiva da esquerda em escrutínios -, Sócrates não optará, por exemplo, por forçar eleições e ter para si a legitimidade para governar perante um cenário de hipotético confronto com Belém, fazendo o que Santana Lopes devia ter efectuado quando do início dos problemas do seu executivo com Sampaio. Ou então pura e simplesmente passa a governar ainda mais à direita. Hipoteticamente, a «cooperação estratégica» de Cavaco pode ser que lhe proporcione esse espaço e mesmo a legitimidade para aplicar as suas políticas sem forçar eleições.
Nestes dias da festa do Deus menino, quiçá tenha sido esta a prenda no sapatinho de uma certa lareira lá para os lados de São Bento.